04/11/2017

Acho que já vi esta marca em algum filme...

A colocação de produto (product placement) é uma forma de marketing indirecto, onde os produtos de uma marca são colocados como conteúdo de um filme, série de TV, videoclipe, jogos, revistas, eventos, redes sociais, etc.

O sucesso deste tipo de marketing passa muito pela forma como a inserção destes produtos é feita, pois quanto mais subtil e natural essa colocação for, maior será o sucesso da campanha em si.
As marcas pagam, e bem, por este tipo de marketing, pois não é tão agressivo para o público em geral e, caso tenha bastante sucesso na forma como é criada a colocação da marca, os resultados conseguem ser bastante positivos, e no caso de filmes até muito mais rentáveis do que por exemplo os comuns anúncios de televisão. Porquê? No caso dos filmes está praticamente assegurada a visualização da marca ou do produto em si, uma vez que este faz parte integrante da narrativa do filme, enquanto que num anúncio de televisão não se consegue garantir realmente a visualização e atenção do espectador, que pode mudar de canal, estar atento a outra tarefa, etc.

Carro BMW presente num filme da saga 007

Hoje em dia, no mundo da 7ª arte, a colocação de produto já é um negócio que apresenta receitas de milhões aos estúdios cinematográficos, sendo desde já há algum tempo um negócio de grandes dimensões, com equipas especializadas que trabalham somente nesta área, por forma a potenciar o maior número de receitas, e da melhor forma possível, tanto para a marca como para a narrativa do filme em si.

Veja-se o exemplo do filme "Homem de Aço" (2013), que adaptou uma nova versão do herói 'Super-Homem' para o cinema, onde conseguiu receitas astronómicas que rondaram os 160 milhões de dólares, através de mais de 100 parcerias com marcas que apostaram na colocação de produto neste filme. Ou seja, o filme teve um orçamento final que rondou os 225 milhões de dólares, e mais de metade deste valor foi logo liquidado apenas através de product placement. "Homem de Aço" acabou por ter receitas de bilheteira que rondaram os 668 milhões de dólares, mundialmente.

Marca 'Sears' presente numa imagem de "Homem de Aço"

O mercado da colocação de produtos no cinema já tem realmente uma dimensão tal que muitos dos filmes que são produzidos e lançados a uma escala global, apenas o conseguem fazer graças a esta 'sub-indústria'. E, de facto, este product placement garante bons resultados na sua grande maioria, e quando assim o é, consegue trazer receitas enormes para as marcas envolvidas.
Também não nos esqueçamos que um filme não acaba a sua exposição mal sai das salas de cinema, pois ainda existe a seguir os mercados de aluguer de filmes, streaming, venda de DVD's/Blu-Ray's, estreia em televisão, pirataria, etc, e estima-se que a média do número de pessoas que vê um filme de grande sucesso, mundialmente, pelo menos uma vez através de qualquer uma destas formas, seja de 120 milhões.

E se pensa que o mercado do cinema é onde as marcas investem mais neste tipo de marketing, está enganado. Aliás, o cinema nem representa uma grande fatia dentro deste mercado, sendo que a televisão consegue atrair cerca de 70% de todas as receitas ligadas à colocação de produto, seja através de séries, novelas, talk shows, etc. Outros grandes mercados são os video-jogos e os clipes de música, sendo que nestes últimos as plataformas como YouTube contribuem imenso para a distribuição dos mesmos, sendo que hoje em dia existe já um número considerável de videoclipes com biliões de visualizações no YouTube, e este número tende a aumentar, e as marcas aproveitam-se desta forma de divulgação também.

Marcas como Coca-Cola e Chanel num videoclipe de Lady Gaga

E em Portugal?

Bom, no caso do mercado do cinema português estamos perante um caso diferente, pois a dimensão do cinema em Portugal não se pode comparar ao mercado norte-americano. No entanto já começam a existir nos últimos anos algumas investidas neste mercado, e um aumento do interesse das produtoras nacionais em explorarem a colocação de produto.

Por exemplo, no caso do remake do clássico "Pátio das Cantigas", existiram duas parcerias para colocação de produto, uma com os CTT e outra com a Sagres, sendo que a existência de um carteiro na trama não é nenhuma aparente coincidência, nem o facto de os protagonistas beberem cerveja Sagres em vários momentos do filme.

Marca 'Sagres' presente numa imagem de "Pátio das Cantigas"

Curiosidades:

- O filme 'Asas', produzido em 1927, que foi o primeiro filme a ganhar o Óscar na categoria de Melhor Filme, tinha já uma colocação de produto da marca de chocolates Hershey's.

- O tempo médio de visualização de um produto/marca num filme é de 6.2 segundos.

- Em 2009, as receitas brutas provenientes de colocação de produtos, apenas nos E.U.A, ultrapassaram o valor de 7 biliões de dólares.

- Actualmente, a marca que mais investe em colocação de produto no cinema é a Apple.


Fontes:
https://brandongaille.com/46-product-placement-in-movies-statistics/
https://blog.hubspot.com/agency/product-placement
https://priceonomics.com/the-economics-of-product-placements/
https://sol.sapo.pt/artigo/409338/o-patio-dos-cifroes
https://www.thebalance.com/the-delicate-art-of-product-placement-advertising-38454

18/10/2017

Um boneco pouco interessante

Crítica: O Boneco de Neve

2017


Poster de "O Boneco de Neve"

Nos filmes do género policial/thriller é normal, e razoável, colocar o público a pensar nas respostas para a trama que é apresentada, e dessa forma captar a sua atenção e o seu interesse, sendo que se conseguir espantar o espectador mais perto do final do filme e da resolução de toda a história envolvente, então é um filme bem conseguido.

Esse não é o caso deste "Boneco de Neve". A culpa nem é do boneco propriamente falando (sim, existe um boneco de neve meio aterrador ao longo do filme), pois esse até cumpre bem o seu papel. A história à volta dele é que não é das melhores.

Quando a meio de um filme policial já se suspeita sobre quem é o assassino, e depois essa suspeita vem a confirmar-se, então não ficamos deslumbrados com o mesmo.

Imagem de "O Boneco de Neve"

Este "Boneco de Neve" tenta ser maior do que realmente é, e não consegue deslumbrar pela sua narrativa, nem também pela componente técnica ou mesmo do elenco (este último que penso ter sido mal aproveitado). Trata-se de uma 'imitação' fraca do ambiente e estilo vividos nos filmes da saga Millennium por exemplo, e a sua narrativa é mais específica e não tão abrangente socialmente.

Em todo o caso estamos perante um filme decente dentro do seu género, mas que não acrescenta nada de novo como filme e, sem ter lido o livro em que se baseia, acredito que a história em livro deverá ser muito mais rica. Ficamos aqui com um típico filme de 'domingo à tarde'.

Mau | Meh | Bom

16/10/2017

NOS Cinemas abre 11 novas salas até ao final deste ano


2017 é um ano inédito para a NOS Cinemas, com a abertura de 11 novas salas: uma sala IMAX no CascaiShopping e dois novos complexos de cinema 100% laser no MAR Shopping Algarve (Loulé) e no Fórum Évora. No final do ano, a NOS passará a gerir 32 complexos de cinema e 226 salas. Com a expansão da sua rede de cinemas, a NOS cria ainda 40 novos postos de trabalho diretos.

Primeiro complexo 100% laser da Península Ibérica

A NOS inaugura o seu terceiro complexo de cinema no Algarve a 26 de Outubro, reforçando a sua presença na região, depois de Tavira e Faro. Trata-se do primeiro complexo 100% laser da Península Ibérica, ou seja, todas as salas são equipadas com projetores laser. O complexo disponibiliza ainda um dos maiores ecrãs do Algarve, com 240m2, e projeção 4K, o state of the art em termos de definição de imagem. Este sistema, aliado à tecnologia de som Dolby Atmos, mais imersivo e realista, traduz-se numa experiência de cinema surpreendente.
O complexo, com cinco salas, proporciona 1100 novos lugares de cinema à região, aproximando-a do circuito cultural nacional e internacional, criando ainda 20 novos postos de trabalho diretos.

Nova sala IMAX em Portugal

Em Novembro a NOS inaugura a sua terceira sala de cinema IMAX® DMR - Digital 3D, localizada no CascaiShopping. De referir que primeira sala IMAX do País foi inaugurada pela NOS Cinemas em 2013, no Centro Comercial Colombo, em Lisboa, e a segunda, em 2015, no MAR Shopping, em Matosinhos.

O sistema IMAX® DMR foi desenvolvido pela empresa canadiana IMAX Corporation e permite visualizar filmes em ecrãs muito maiores do que os sistemas digitais standard, proporcionando uma experiência verdadeiramente única de imersão. 350m² é a dimensão média de um ecrã IMAX em Portugal, seis vezes mais que um ecrã convencional (equivalente a 22 mil ecrãs de telemóvel ou à área de um apartamento T3).

Com o posicionamento “IMAX® is believing” a experiência proporcionada é tão real que coloca o espectador no centro da ação. Trata-se de um formato de cinema que combina tecnologia, arquitetura e sistemas patenteados, frequentemente utilizado em blockbusters internacionais.

Atualmente existem 1000 salas IMAX em 66 países, e mais de 450 milhões de pessoas já tiveram uma experiência IMAX.

Cinema regressa a Évora 7 anos depois

A partir de Novembro o cinema volta à cidade de Évora, após 7 anos sem exibição. A NOS vai inaugurar cinco novas salas no novo centro comercial Fórum Évora, propriedade da Ares Capital.

A abertura das salas NOS Cinemas Évora Shopping vai permitir que os eborenses voltem a ter acesso à exibição regular de filmes, acompanhando o circuito de estreias mundial.

Com um total de 600 lugares, as novas salas, todas digitais, estão ainda equipadas com as mais recentes tecnologias de exibição cinematográfica, nomeadamente o Digital 3D, projeção laser e som Dolby Atmos, proporcionando à população uma experiência de cinema única e imersiva. Com esta abertura a NOS Cinemas reforça a sua posição como empresa que procura estar cada vez mais próxima de todos os portugueses, facilitando o acesso à cultura e ao entretenimento. A abertura deste espaço vai criar 20 novos postos de trabalho diretos.

“A NOS Cinemas está a reforçar o seu posicionamento como operador de entretenimento em Portugal e ambiciona estar cada vez mais próxima das populações, levando o que de melhor se faz na 7.ª arte, tanto em Portugal como a nível internacional, a todo o País” refere Pedro Mota Carmo, CEO da NOS Cinemas.

A NOS é líder no mercado de exibição cinematográfica e tem tido um papel de promotor, em vários momentos, do desenvolvimento da indústria. Foi o principal agente da revolução digital no Cinema em Portugal, com 100% das salas digitalizadas, num processo precursor na Europa, tendo sido pioneira na introdução do cinema 3D, IMAX 3D, 4DX e ecrã laser no País. Este constante foco na inovação tem sido um forte estímulo à evolução e desenvolvimento do mercado e dos seus stakeholders. É objetivo da NOS Cinemas contribuir para um progresso sustentável das indústrias culturais no País, acompanhando as melhores tendências e práticas internacionais. As salas de cinema NOS têm sido palco de exibição dos maiores êxitos de cinema, mas também de conteúdos alternativos como concertos e outras iniciativas que, por vezes, permitem cruzar várias janelas de intervenção da NOS.

25/09/2017

Cinema no feminino de volta a Lisboa


Está a chegar a Lisboa a maior edição de sempre do Festival Olhares do Mediterrâneo – Cinema no Feminino. Durante 4 dias, serão exibidos 52 filmes, oriundos de 17 países, a par de uma programação paralela diversificada composta por debates, workshops, exposições e um concerto.

De 28 de Setembro a 1 de Outubro, no Cinema São Jorge, o Festival Olhares do Mediterrâneo – Cinema no Feminino apresenta 12 longas-metragens e 40 curtas-metragens de géneros tão diversos como ficção, documentário, animação e experimental. Neste contexto, algumas das realizadoras marcam presença no evento para participar em debates informais no âmbito da exibição dos respectivos filmes.

The Nurse, obra de ficção assinada por Dilek Çolak, é o filme oficial de abertura do Festival, no dia 28 de Setembro, pelas 21h30, com entrada livre. De uma forma poética e profunda, The Nurse chama a atenção para os direitos humanos e a violência doméstica numa Turquia moderna e em transformação. A acção decorre em 2001, numa pequena cidade perto de Istambul, focando-se na relação de uma enfermeira com um preso político em greve de fome.

Pela segunda vez consecutiva, o Festival volta a apostar no ciclo especial TRAVESSIAS, dedicado ao tema dos refugiados e migrações. Este ano, a programação inclui 10 filmes, debates e 2 exposições de entrada livre. A mostra Pássaro que Voa, composta por uma selecção de histórias contadas por imigrantes e ilustradas por uma menina de 11 anos, é inaugurada no dia 28, pelas 20h, com uma performance dos alunos de teatro de Claudio Hochman, onde cada um vestirá uma personagem dos relatos. Evideor, exposição fotográfica que retrata um campo de refugiados na Grécia, tem inauguração marcada para dia 29, pelas 18h.

Esta 4ª edição de Festival chega, ainda, com novidades. O Festival  abre as portas a filmes de escola, na secção COMEÇAR A OLHAR, composta por duas sessões de 7 e 8 curtas-metragens, com o objectivo de divulgar o olhar da nova vaga do cinema feminino do Mediterrâneo.

Destaque, ainda, para as actividades paralelas a ocorrer, maioritariamente, no Foyer do cinema São Jorge. Para além das duas exposições da secção Travessias, no dia 30, existirá um workshop de Língua dedicado aos ditados populares espanhóis, um debate e uma banca do projecto Salva a Lã Portuguesa. No último dia de festival, realiza-se o atelier de cinema para famílias Olhares em Pequenino, uma cerimónia de chá marroquina e um mercado de  livros, artesanato e sabores. Ao final do dia, tem lugar o concerto das B’rbicacho. A maioria das actividades tem entrada livre.

No encerramento do Festival, que termina com o filme Willy 1er, de entrada livre, serão atribuídos os prémios para os melhores filmes em competição. A melhor longa-metragem será escolhida por Nuno Sena, Director do IndieLisboa e programador, Sofia Marques, actriz e realizadora, e Manuel Mozos, realizador. Já a melhor curta-metragem terá como júri Sandra Almeida, Directora do Shortcutz Lisboa, Márcia Costa, montadora e produtora, e Tiago Hespanha, produtor e realizador. Elizabeth Challinor, antropóloga, Francisco Freire, antropólogo e investigador do Magrebe, e Sofia Lorena, jornalista, atribuirão o prémio na secção Travessias. Por fim, os filmes de escola da secção Começar a Olhar vão ser avaliados por Margarida Cardoso, realizadora, Margarida Carvalho, professora e curadora de arte contemporânea, e Mário Caeiro, professor e investigador. O público irá também votar para o melhor filme.

Na sua 4ª edição, o Festival Olhares do Mediterrâneo - Cinema no Feminino tem o apoio da Câmara Municipal de Lisboa (através dos pelouros da Cultura e dos Direitos Sociais), da EGEAC, do El Corte Inglés, do Alto Comissariado para as Migrações, da Comissão para a Cidadania e a Igualdade de Género da Fundação INATEL e das Embaixadas de Espanha, Israel e Tunísia.

12/09/2017

Afinal o Diabo é um palhaço

Crítica: It

2017


Poster do filme "It"

Com uma adaptação de um romance do conceituado Stephen King, esta 'coisa' (It) era certamente um dos filmes de terror mais esperados deste ano de 2017. Valeu muito a pena a espera? Sim, mas não assim tanto.

É certamente um filme bem construído e trabalhado, onde se vê a dedicação e o cuidado da realização aos detalhes, e os momentos mais impressionantes ao longo do filme conseguem ser aterradores, contudo a narrativa por vezes perde-se em histórias paralelas que são pouco interessantes, e que são depois 'esquecidas' ao longo do filme, não funcionando aqui. Talvez esta seja uma estratégia narrativa, pois no final do filme aparece a indicação de "It: Capítulo Um", mas se assim o for existem mesmo certos momentos narrativos que não funcionam só com este filme.

Imagem do filme "It"

O maior destaque positivo deste "It" é sem dúvida toda a caracterização e o trabalho do actor Bill Skarsgard, ao dar vida a um dos mais aterrorizantes palhaços que eu já vi no grande ecrã, e julgo que o filme precisava de ter dado mais tempo de cena a esta personagem.

Ao contrário de outros filmes de terror, aqui temos uma maior presença de momentos cómicos, que poderiam ter sido menores, pois retira algum do suspense e medo que o público possa sentir, em alguns momentos-chave da trama.

No geral "It" é um filme competente, sendo que dentro do seu género é um filme superior à maioria dos que estreiam recentemente.

Mau | Meh | Bom

11/09/2017

Vencedores do MOTELX 2017


A 11.ª edição do MOTELX – Festival Internacional de Cinema de Terror de Lisboa chegou ao fim este Domingo depois de nos últimos seis dias ter acolhido milhares de pessoas no Cinema São Jorge, no Teatro Tivoli BBVA, no Museu Coleção Berardo e na Cinemateca Júnior.

Thursday Night” de Gonçalo Almeida é o grande vencedor do Prémio MOTELX – Melhor Curta de Terror Portuguesa/Méliès d’Argent 2017. O júri composto pela actriz Maria João Bastos, o músico Carlão e o realizador Can Evrenol decidiu atribuir o prémio a esta curta-metragem “pela história, pela direcção, pela fotografia e pelos actores”, acrescentando que se trata de “um filme que nos marcou muito, que consideramos único e que certamente ficará na nossa memória”. Uma história de fantasmas só com animais, “Thursday Night” foi inspirado pelo álbum “Thursday Afternoon” de Brian Eno. O júri decidiu ainda atribuir uma Menção Especial a “Depois do Silêncio” de Guilherme Daniel, cujo trabalho de “argumento e fotografia” considerou “muito promissor”.

O Prémio MOTELX - Melhor Curta de Terror Portuguesa/Méliès d’Argent é o maior prémio para curtas-metragens em Portugal: são 5000€ a que se juntam mais 5000€ em serviços pós-produção Kino Sound Studio e um fim-de-semana de inspiração nos hotéis Belver. Desde a sua criação em 2009 já foram exibidos no Festival mais de 100 filmes de terror portugueses em antestreia mundial, cumprindo um dos principais objectivos do MOTELX: o incentivo à produção nacional de cinema de terror. “Thursday Night” fica ainda automaticamente seleccionada para o Prémio Méliès d’Or, que será atribuído pela Federação Europeia de Festivais de Cinema Fantástico em Novembro, na cidade de Trieste.

Na competição internacional, “Cold Hell” de Stefan Ruzowitzky venceu o Prémio MOTELX – Melhor Longa de Terror Europeia /Méliès d’Argent 2017. Uma decisão que o júri composto pelo crítico Kim Newman e os actores Rogério Samora e Iris Cayatte considerou “clara” devido à sua “relevância contemporânea, acção emocionante e imaginativa e excelentes performances de todo o elenco”. “Cold Hell” é um thriller político passado numa Alemanha multicultural que conta a história de uma jovem taxista de origem turca perseguida por um assassino em série. “Filme excepcional que combina elementos do serial killer thriller com o terror”, esta é a mais recente longa-metragem de Ruzowitzky, que em 2008 venceu o Óscar para Melhor Filme Estrangeiro com “The Counterfeiters”. O realizador e a actriz Violetta Schurawlow estiveram presentes na Sessão de Encerramento do MOTELX para receber o Prémio.

A competição de longas-metragens europeias foi inaugurada em 2016 e teve este ano oito filmes a concurso. “Cold Hell” sucede ao checo “The Noonday Witch” de Jiří Sádek e fica nomeado para o Prémio Méliès d’Or, à semelhança da curta “Thursday Night”.

10/09/2017

Estão abertas as inscrições para a 9ª edição do FESTin


Estão abertas as inscrições para a 9ª edição do Festival de Cinema Itinerante em Língua Portuguesa (FESTin), certame realizado anualmente na cidade de Lisboa. As candidaturas de produções cinematográficas nos formatos de longas-metragens, documentários, curtas-metragens e filmes infantis serão aceites até ao dia 10 de Novembro deste ano.

O pré-requisito para a candidatura é que os filmes sejam falados em língua portuguesa. A programação é composta de produções oriundas de países que falam português, nomeadamente Portugal, Brasil, Angola, Moçambique, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Guiné-Equatorial, São Tomé e Príncipe e Timor-Leste. O Festival tem quatro categorias competitivas e uma programação diversificada de mostras paralelas, que inclui a Maratona de Documentários, a Mostra de Cinema Brasileiro, a Mostra Festinha (dedicado à infância), a Mostra de Inclusão Social, o FESTin Arte e o FESTin+ (dedicado à 3ª idade).

Ao longo de sua história o FESTin já exibiu mais de 670 filmes, entre ficção e documentário nos formatos curtas, médias e longas-metragens. Há também actividades paralelas voltadas ao diálogo, a difusão e a formação no âmbito do audiovisual.

O Festival de Cinema Itinerante da Língua Portuguesa tem-se constituído como referência no sector, por ser o único evento em Portugal dedicado exclusivamente à cultura cinematográfica lusófona. O idioma está apenas relacionado com os aspectos da comunicação dos países, com as imagens sócio-culturais e o pensamento dos povos.

O Festival FESTin é um evento internacional dedicado do segmento do audiovisual, que procura fomentar a difusão, a interculturalidade, a inclusão social e o intercâmbio cultural, através da realização de um Festival de Cinema comprometido com a divulgação de diferentes culturas e práticas de respeito à diversidade presente na matriz da língua portuguesa.

A 9ª edição trará novidades, mas, para já, apenas podemos adiantar que o Festival passará a ser realizado mais cedo: em 2018, o FESTin será de 27 de Fevereiro a 6 de Março.

O FESTin  é organizado pela Asculp- Associação Cultural e Cidadania da Língua Portuguesa, com o apoio financeiro  da CML – Câmara Municipal de Lisboa e a Missão Brasileira junto a CPLP, em co-produção com  o Cinema São Jorge e em parceria estratégica com a EGEAC – Empresa de Gestão de Equipamentos e Animação Cultural, EEM.

Para mais informações: festin-festival.com

07/07/2017

Marés Mortas

Crítica: Baywatch - Marés Vivas

2017


Poster de "Baywatch - Marés Vivas"

"Baywatch" não deveria ter sido remexido desta forma. A adaptação ao cinema de "Marés Vivas" não deveria ser realizada assim. Nem assim, nem possivelmente de outra forma. Estamos perante um filme que é um sério candidato ao estatuto de pior filme de 2017.

Sinceramente não entendo o que se passou aqui, se algum fenómeno super-natural se sucedeu durante a escrita do guião, ou no decorrer das filmagens, ou mesmo na montagem final, porque não se consegue aproveitar nada de minimamente bem concretizado neste "Baywatch - Marés Vivas". Esperava-se qualquer coisa com pelo menos algum cuidado no seu planeamento, tendo em conta o sucesso que a série teve.

Imagem de "Baywatch - Marés Vivas"

Desaconselho mesmo a ida ao cinema para este filme, pois é uma pena o dinheiro aqui gasto. Nem os actores com nome mais sonante, que interpretam as principais personagens, conseguem trazer algo de benéfico durante todo o filme, sendo que a sua história encontra-se mal estruturada, super previsível, enfim, uma confusão geral.

Até os cameos foram mal aproveitados, e não conseguiram trazer qualquer tipo de nostalgia que o filme poderia ter aproveitado.

Mau | Meh | Bom

04/07/2017

"Gru - O Maldisposto 3" estreia em Nº 1 no Top Nacional

Imagem de "Gru - O Maldisposto 3"

Mais de 106 mil espectadores assistiram à estreia de ‘Gru - O Maldisposto 3’ este fim de semana nas salas de cinema nacionais, gerando uma receita superior a meio milhão de euros, entrando directamente para o primeiro lugar do top de bilheteira. Além de Portugal, ‘Gru – O Maldisposto 3’ estreou em mais 45 países, atingindo o valor astronómico de 116,9 milhões de dólares de receita de Box Office, o que para um 3º filme de um franchise é assinalável.

Manuel Marques, Rita Blanco, Inês Castel-Branco e Rui Unas são algumas das vozes portuguesas que dão vida às personagens do filme de animação ‘Gru - O Maldisposto 3’ que estreou na última quinta-feira. O regresso de Gru e dos adorados Mínimos é marcado pela descoberta da existência de Dru, o irmão gémeo do ex-vilão e muitas outras aventuras, nomeadamente de Balthazar Bratt e o seu estilo divertidamente retro.

‘Gru – O Maldisposto 3’ foi realizado por Pierre Coffin e Kyle Balda, co-realizado por Eric Guillon e com argumento de Cinco Paul & Ken Daurio. A animação produzida por Chris Meledandri e Janet Healy, dos estúdios da Illumination, conta com Chris Renaud como produtor executivo.

03/07/2017

Quando alguém é ninguém

Crítica: The Unnamed

2016


Poster de "The Unnamed"

Os desafios associados a emigrações e imigrações em todo o mundo são diversos, no entanto as realidades mudam de país para país, consoante as suas leis, os seus processos burocráticos, a sua cultura, etc.

Estes e outros desafios estão presentes em "The Unnamed", um filme do Bangladesh que retrata uma realidade presente neste país e noutros seus vizinhos, onde muitas pessoas emigram em busca de uma vida melhor, no entanto este processo é tratado de forma muito 'mafiosa', existindo muitos esquemas de falsificação de identidades, entre outros crimes, fazendo com que a sua 'normalidade' se transforme num problema ainda mais grave.

Esta realidade é posta no argumento de forma curiosa, onde a busca da identidade de uma pessoa que morreu fora do país traz diversos problemas, quando o corpo é transportado para o seu local de origem, e a angústia dos familiares e conhecidos envolvidos nesta trama aumenta com o confronto com aquilo que é desconhecido.

Imagem do filme "The Unnamed"

Este filme 'sem nome' tenta ser um filme completo, tendo toques de comédia e drama, twists e diversos tipos de sequências narrativas, mas falha em parte na sua concepção a nível técnico, assim como a nível do elenco, que não é tão forte como o que seria pretendido, contudo é eficaz.

"The Unnamed" é um filme culturalmente diferente e que evoca uma realidade contrastante daquela a que possamos estar mais habituados. Não sendo um grande filme, é um filme eficaz na mensagem que quer transmitir, e que apesar de se focar numa situação específica é bastante universal.

Mau | Meh | Bom

02/07/2017

Muita bicharada à mistura

Crítica: A Vida Secreta dos Nossos Bichos

2016


Poster de "A Vida Secreta dos Nossos Bichos"

O que é que os animais de estimação fazem enquanto os donos vão trabalhar? Este é o mote para o filme "A Vida Secreta dos Nossos Bichos", uma animação divertida que pega em animais domésticos (e não só), para uma aventura citadina, mas que perde o seu foco quando tenta tornar-se num filme com uma dinâmica social mais séria e pesada, ficando uma mistura estranha no ar.

Aqui joga-se com os conceitos de animal de estimação e animal selvagem, gato vs cão, coelhos fofinhos, etc, e retira algum proveito cómico dos mesmos, mas não o suficiente para ser um filme mais memorável.

Imagem de "A Vida Secreta dos Nossos Bichos"

O que falha nesta "Vida Secreta" é a direcção que toma por volta de metade do filme, onde o tema da protecção dos animais entra na narrativa, não se enquadrando aqui na mensagem que quer transmitir.
Ganharia mais se se tratasse como um filme mais leve e cómico, e mantivesse essa linha ao longo de todo o filme.

Deixo aqui o destaque mais positivo deste filme, que recai na personagem de um coelho branco e 'terrivelmente fofo' (acima na imagem), onde a voz de Kevin Hart dá uma dinâmica cómica a este coelho, e é realmente a personagem mais forte e interessante ao longo do filme.

Mau | Meh | Bom

26/06/2017

Vencedores FEST 2017


LINCE DE OURO

Melhor Longa-metragem de Ficção

Filthy, de Tereza Nvotová (República Checa)
The Invisible Hand, de David Mácian



Menção Honrosa
Old Stone, de Johnny Ma

Melhor Longa-metragem de Documentário
The Road Movie, de Dmitrii Kalashnikov (Bielorrússia)

PRÉMIO DO PÚBLICO

Melhor Longa-Metragem
Sacred Water, de Olivier Jourdain (Bélgica)

Melhor Curta-Metragem
A Instalação do Medo, de Ricardo Leite (Portugal)

LINCE DE PRATA

Melhor Curta-Metragem de Ficção
Downside Up, de Peter Ghesquiere (Bélgica)

Menção Honrosa
A New Home, de Žiga Virc (Eslovénia)

Melhor Curta-metragem de Documentário
Homeland, de Sam Peeters (Belgica)

Menção Honrosa
Without Sun, de Paul de Ruijter (Holanda)

Melhor Curta-metragem Experimental
Apocalypse, de Justyna Mytnik (Polónia)

Menções Honrosas
As The Jet Engine Recalls, de Juan Palacios (Espanha)
Simba in New York, de Tobias Sauer (Alemanha)

Melhor Curta-metragem de Animação
Antarctica, de Jeroen Ceulebrouck (Bélgica)

Menções Honrosas
Locus, de Anita Kwiatkowska-Naqvi (Polónia)
Pussy, de Renata Gasiorowska (Polónia)

GRANDE PRÉMIO NACIONAL

Melhor Curta-metragem Portuguesa
Maria Sem Pecado, de Mário Macedo (Portugal)

Menções Honrosas
Um Refúgio Azul, de João Lourenço (Portugal)
78.4 Rádio Plutão, de Tiago Amorim (Portugal)

NEXXT
Bond, de Judit Wunder (Hungria)

FESTINHA

Prémio Sessão 1 . 3 aos 6 anos
Lilou, de Rawan Rahim (Líbano)

Prémio Sessão 2 . 3 aos 6 anos
Pas a Pas, de Charline Arnoux, Mylène Gapp, Florian Heilig, Mélissa Roux, Léa Rubinstayn (França)

Prémio Sessão 3 . 7 aos 12 anos
Way of Giants, de Alois di Leo (Brasil)

Prémio Sessão 4 . 12 aos 17 anos

Schlboski, de Tomás Andrade e Sousa (Portugal)

22/06/2017

Sabia que já há um filme com data de estreia marcada para o ano de 2025?

É verdade. E esse filme é o quinto da saga "Avatar", cujo primeiro filme estreou no ano de 2009, e o segundo filme irá estrear somente em 2020.

2020 também é o ano onde estão já agendadas estreias de outras sequelas e de um filme de animação da Disney. Mas qual é o motivo para que os grandes estúdios de cinema agendem com tanta antecedência a estreia de alguns dos seus filmes? Ora, numa indústria com tanta competição é necessário reservar com antecedência as melhores datas de estreia que se apresentam nos calendários, mesmo que daqui a muitos anos ainda, por forma a que os seus adversários não apresentem os seus filmes em datas concorrentes, e assim todos conseguem lucrar.

Estrear um filme blockbuster, cujo orçamento ronda as centenas de milhões de dólares, é algo que é planeado com muito rigor pelas suas equipas de produção, e apresenta um risco financeiro considerável aos estúdios, pois a pressão para este tipo de filmes ser lucrativo nas bilheteiras é elevada, e o momento da estreia é o acontecimento mais importante e que irá determinar o sucesso ou fracasso do filme, assim como a sua possibilidade em passar a um franchise lucrativo.

É então normal que os filmes que já têm uma data de estreia ainda longínqua sejam, na sua grande maioria, sequelas de filmes que já tiveram grande sucesso nas bilheteiras, e assim o risco de serem mal sucedidos é menor.

Vamos então ver abaixo uma lista actual dos 10 filmes, cujos títulos já se conhecem, que têm as suas datas de estreia marcadas no futuro mais longínquo da presente data:

2020

Indiana Jones 5
(10 Julho)


Fantastic Beasts and Where to Find Them 3
(20 Novembro)


Gigantic
(25 Novembro)


Avatar 2
(18 Dezembro)


Sing 2
(25 Dezembro)


2021

The Boss Baby 2
(26 Março)


Velocidade Furiosa 10
(2 Abril)


Avatar 3
(17 Dezembro)

2024

Avatar 4
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20/06/2017

"Curtas em Flagrante" está a aceitar inscrições


Curtas em Flagrante é uma mostra de curtas-metragens itinerante de língua oficial portuguesa.
As mostras decorrerão, de forma intermitente, a partir de Julho de 2017.

São aceites curtas-metragens de qualquer género (ficção, experimental, documentário, vídeo-arte, etc.) desde que não excedam os 15 minutos de duração.

Mais informações em: http://curtasemflagrante.tumblr.com/

19/06/2017

Pequeno e medíocre bébé

Crítica: The Boss Baby

2017


Poster de "The Boss Baby"

Um patrão disciplinar num corpo de bébé, num filme de animação. O potencial em "The Boss Baby" estava lá, mas a sua concretização é fraca.

Tirando uma ou outra parte em que o toque de comédia chega a tirar-nos uma gargalhada ou outra, não resta muito mais nesta animação hollywoodesca, nem como um filme em si ou como um filme do género animação, estando sempre no limiar entre um filme mais descontraído e um filme com uma mensagem mais profunda, não resultando nem para um lado nem para o outro.

Imagem/Still de "The Boss Baby"

Este é um filme de animação pouco familiar, onde apenas as crianças serão o público que achará mais piada, mas que também facilmente se irão esquecer, enquanto que o público adulto entenderá algumas referências, mas estas são poucas para servirem um filme mais cómico.

"The Boss Baby" é mais um filme onde o foco é o seu marketing, e que tem como objectivo principal o lucro nas bilheteiras, muito aqui à custa da 'fofura' que os bébés têm. Ah, e cachorros também.

Mau | Meh | Bom

16/06/2017

Um filme tão belo e tão feio ao mesmo tempo

Crítica: Biutiful

2010


Poster de "Biutiful"

"Biutiful" é um filme nada bonito ou esteticamente agradável. Como se indica pelo seu próprio título, é como se o retrato do que é considerado bonito ou belo seja aqui uma imagem distorcida do seu aparente significado, mas que é tão real e está tão presente no dia-a-dia de qualquer tipo de sociedade, que abala o espectador e força-o a ver aquilo que normalmente nós tentamos evitar de ver.

O galardoado realizador Alejandro González Iñárritu (vencedor já de 2 Óscares de Melhor Realização), cria aqui uma obra que poderá ser polémica e chocante para uma boa parte do público, mas que não o é propositadamente, apenas junta em si vários lados da sociedade que normalmente não são contados ou mostrados em filmes, ou peças de teatro, livros, etc, de uma forma tão crua e 'unificada', digamos assim.

Javier Bardem numa imagem de "Biutiful"

O filme percorre a vida de um homem que tem as suas crenças e os seus valores bem definidos, mas que se encontra rodeado por um ambiente nocivo do ponto de vista social, e ao tentar corrigir e ultrapassar os problemas que vão surgindo, o seu desgaste físico e emocional vai crescendo, e a sua luta fica cada vez mais difícil.

Esta personagem principal é aqui interpretada de forma excepcional pelo actor Javier Bardem, que com este papel foi nomeado ao Óscar para Melhor Actor. Bardem consegue carregar aos seus ombros todo o filme e toda a problemática que envolve a sua personagem de forma tão intensa que nos faz praticamente sentir na nossa pele os seus problemas e a sua vida.

'Biutiful' é mais um filme que mostra o estilo e a elevada qualidade de escrita e realização de Iñárritu, e é mais um dos seus filmes que é obrigatório de ver e apreciar.

Mau | Meh | Bom

14/06/2017

Há múmias que não deviam ter renascido...

Crítica: A Múmia

2017


Poster de "A Múmia"

Sabem quando uma pessoa deixa uma sala de cinema e minutos depois tem a sensação de que nada se passou em especial? Pois, temos essa mesma sensação quando se vai ver um filme como esta 'Múmia' ao cinema. E se existem filmes e histórias que não deveriam voltar a renascer das cinzas, então está claro que este é um desses casos.

Tudo neste filme é cliché, e até mesmo a esse nível deixa-se levar pelo mais óbvio, e não consegue ter uma ou outra cena que ressalte e seja minimamente diferente, cumprindo assim todos os estereótipos dos filmes de aventura ao estilo hollywoodesco. E como este é um remake de uma história que já passou pelo cinema, era escusado ter passado por este tratamento, mesmo que o fosse para apresentar esta narrativa ao público mais jovem, pois mesmo nesse caso não consegue cumprir, pois julgo que os mais novos irão gostar mais dos filmes anteriores.

Sofia Boutella e Tom Cruise numa imagem de "A Múmia"

Nem os nomes de Tom Cruise ou Russell Crowe conseguem dar algum valor extra a esta 'múmia', sendo que do elenco, apenas o papel principal é tratado com algum dinamismo através da actriz Sofia Boutella e a sua 'múmia'.

Este é um filme desnecessário, e que não acrescenta nada de positivo, pelo contrário, ao mundo fantástico e de monstros super-naturais, que desde há muitos anos têm assolado as salas de cinema por esse mundo fora.

Mau | Meh | Bom

07/06/2017

“Pedro e Inês” em rodagem a partir deste mês

Diogo Amaral (Pedro) e Joana de Verona (Inês) nos ensaios de "Pedro e Inês". Foto António Ferreira.

As histórias de “Pedro e Inês” chegam ao cinema pela mão do realizador António Ferreira. A adaptação da obra “A Trança de Inês” da romancista Rosa Lobato Faria, na qual este filme se inspira, foca-se em Pedro, um indivíduo internado num hospital psiquiátrico por viajar de carro com o cadáver da sua amada Inês, revive loucamente as vidas de D. Pedro I, Pedro Santa Clara e Pedro Rey.

A rodagem decorre na cidade que viu nascer a narrativa, Coimbra, com rodagens a decorrer na Sé Velha e na Quinta das Lágrimas, bem como em lugares da Lousã, Cantanhede e no castelo de Montemor-o-Velho. As filmagens, que têm início no dia 20 de Junho, são protagonizadas por Diogo Amaral, no papel de Pedro e Joana de Verona no de Inês.

O filme apresenta três vias e três tempos distintos para o amor trágico entre “Pedro e Inês”. Esta tripartição desenrola-se na época medieval, episódio ao qual Luís Vaz de Camões destacou com grande crueza nos Lusíadas, na actualidade e num futuro distópico onde as populações regressam ao campo vindas da cidade, para viver em harmonia com a natureza. Em todas as épocas, Pedro e Inês conhecem-se e apaixonam-se descontroladamente, enfrentando os tabus de cada época que teimam em separá-los.

Destacam-se ainda os papéis desempenhados por Vera Kolodzig como Constança (esposa de Pedro), João Lagarto como Afonso (pai de Pedro), Custódia Gallego como Beatriz (mãe de Pedro), Miguel Borges como Pero Coelho (carrasco de Inês) e, por fim, Cristóvão Campos como Estevão (escudeiro de Pedro), sendo os mesmos actores que interpretam os diferentes personagens nas três épocas em que o filme acontece.

Esta é a terceira longa-metragem do realizador António Ferreira, que já realizou, entre outros, os filmes “Esquece Tudo o Que Te Disse”, “Embargo” e “Respirar Debaixo d’Água".

06/06/2017

Mulher, Filha, Amazona e Heroína

Crítica: Mulher-Maravilha

2017


Poster de "Mulher-Maravilha"

O universo das bandas-desenhadas de super-heróis não costuma ter uma heroína como a sua figura central. No entanto, com esta adaptação ao cinema de "Mulher-Maravilha", pode ser que essa realidade se altere.

Estamos aqui perante um típico filme de super-heróis, com um herói principal que tenta salvar o mundo de um vilão, que por norma pretende acabar com a humanidade ou controlá-la. Tudo isto, todos estes clichés, fazem parte deste filme, mas têm em si uma abordagem diferente, onde toda a sua acção e narrativa têm uma visão feminina por trás do seu leme, seja pelo facto óbvio de o herói principal ser uma mulher, como também pelo facto de a realização desta "Mulher-Maravilha" estar a cargo de uma mulher, Patty Jenkins.

Imagem de "Mulher-Maravilha"

Para os que gostam deste género de filmes, irão certamente apreciar esta adição ao género, que tem a sua estrutura bem definida e criada, com um bom elenco que suporta todo o filme, assim como sequências de acção interessantes. E não pensem que possa pecar por tentar ser um filme feminista ou anti-machista, porque não falha a esse nível, e consegue agradar a todas as faixas etárias, independentemente do sexo.

Esta "Mulher-Maravilha" não reinventa o género de filmes em que se enquadra, mas triunfa na sua aposta em ter uma heroína no principal papel, e isso poderá ter impacto no futuro destes filmes.

Mau | Meh | Bom