26/03/2017

Podemos já falar dos Óscares de 2018?

Sim, ainda falta muito tempo para a próxima época de prémios cinematográficos, mas tal como o Carnaval no Brasil, na indústria do cinema, termina uma edição dos Óscares e já se está a preparar a seguinte, sendo que os estúdios antecipam e preparam desde já as suas próximas apostas.

Em 2017 não será diferente, e os grandes filmes que irão estrear até ao final deste ano já devem estar em rodagem ou a ser editados, ou mesmo já terminados, por forma a chegarem à meta final.

Reunimos aqui uma lista de 10 filmes, que parecem ser desde já as grandes apostas para este ano, sendo que, como em tudo, nem todos irão chegar ao triunfo final, mas alguns dos títulos desta lista deverão, certamente.

Abaixo a lista de 10 filmes que têm potencial para chegarem às nomeações aos Óscares, por ordem alfabética, que decorrerão em 2018:

- Annihilation (em pós-produção)



Escrito e realizado por Alex Garland (Ex Machina), tem como protagonista Natalie Portman, aqui num thriller em meio sci-fi, onde uma biologista segue numa expedição secreta, onde as leis da natureza não se aplicam. Num estilo meio parecido com Arrival, esta é uma das grandes apostas da Paramount Pictures deste ano.

- Battle of the Sexes (finalizado)



A Fox vai apostar numa comédia biográfica, que conta com Emma Stone e Steve Carell nos principais papéis, para uma história verídica no ano de 1973, onde um jogo de ténis foi marcante para a sociedade daquela época.

- The Beguiled (em pós-produção)



A realizadora Sofia Coppola já não realiza nenhum filme desde 2015, e com "The Beguiled" fará o seu regresso ao cinema, com um filme histórico passado durante a guerra civil americana, e com um elenco que conta com Colin Farrell, Nicole Kidman, Elle Fanning e Kirsten Dunst.

- Darkest Hour (em filmagens)



O actor Gary Oldman interpreta o político Winston Churchill, no início da Segunda Guerra Mundial, num dos primeiros ataques a Adolf Hitler. Para além disso este filme é realizado por Joe Wright, realizador de filmes consagrados como Orgulho e Preconceito, Expiação ou Anna Karenina.

- Downsizing (em pós-produção)



Aqui temos uma sátira social, com um elenco recheado de nomes conhecidos, como Matt Damon, Kristen Wiig, Christoph Waltz, Alec Baldwin, Neil Patrick Harris, e também Joaquim de Almeida, onde um homem se apercebe que a sua vida seria bem melhor se ele reduzisse de altura. A realizar está Alexander Payne, que já realizou As Confissões de Schmidt, Sideways, Os Descendentes ou Nebraska.

- Dunkirk (finalizado)



Depois de Interstellar em 2014, o realizador Christopher Nolan volta ao grande ecrã com um filme baseado numa batalha da Segunda Guerra Mundial, e com o actor Tom Hardy no papel principal.

- Mary Magdalene (em pós-produção)



Depois de Lion, o realizador Garth Davis aventura-se agora num filme histórico, que conta a vida da santa Maria Madalena, aqui interpretada por Rooney Mara, e onde Joaquin Phoenix interpreta o papel de Jesus. É uma das apostas da Universal Pictures.

- Mother! (em pós-produção)



Darren Aronofsky realizou filmes como A Vida não é um Sonho, O Último Capítulo, O Wrestler ou Cisne Negro, e este ano está de volta, com um elenco de renome que conta com Jennifer Lawrence, Javier Bardem, Michelle Pfeiffer e Ed Harris, nos principais papéis.

- Mudbound (finalizado)



Tendo já estreado no Festival de Sundance nos EUA, este filme conta a história de dois homens que regressam da Segunda Guerra Mundial e vão trabalhar para uma quinta, e enfrentam problemas de racismo, entre outros. Com uma recepção muito boa em Sundance, é um dos filmes a ter atenção.

- Wonderstruck (finalizado)



O realizador de Longe do Paraíso ou I'm Not There, ou ainda Carol, traz este ano aos cinemas o drama Wonderstruck, com Michelle Williams e Julianne Moore nas personagens principais.

15/03/2017

Filme "Negação" traz debate a Lisboa


A batalha judicial disputada entre a historiadora americana Deborah E. Lipstadt e David Irving, escritor britânico especialista em história militar da segunda guerra mundial, que recusou a existência do Holocausto, é retratada agora no filme ‘Negação’, que estreia nos cinemas nacionais a 30 de Março.

No âmbito da estreia de ‘Negação’, inserido na programação da Judaica – Mostra de Cinema e Cultura, vai decorrer no dia 29 de Março, às 19h00, na sala 2 do Cinema São Jorge, um debate subordinado ao tema ‘Negacionismo, pós verdade: defender o indefensável?’ com intervenções de Esther Mucznik (autora), Pedro Aires de Oliveira (historiador) e Renato Barroso (jurista), com moderação de Cláudia Ninhos (historiadora).

Debate
Negacionismo, pós-verdade: defender o indefensável?
Participação: Esther Muccznick (autora); Pedro Aires Oliveira (historiador), Renato Barroso (jurista)
Moderação: Cláudia Ninhos (historiadora)
Data: 29 de Março
Horário: 19h00 (duração 1 hora)
Local: Sala 2- Cinema São Jorge - Lisboa
Entrada livre limitada à lotação da sala

Sinopse de Negação:

Baseado no famoso livro "Denial: Holocaust History on Trial", Negação dá-nos conta da batalha judicial que Deborah E. Lipstadt (Rachel Weisz, vencedora de um Óscar®) travou em tribunal contra David Irving (Timothy Spall, nomeado para um BAFTA) em defesa da verdade histórica. David Irving processara-a por difamação na sequência de ela lhe ter chamado negacionista do Holocausto. No sistema judicial inglês, em casos de difamação, o ónus da prova recai sobre o réu, e coube, portanto, a Deborah Lipstadt e à sua equipa de advogados liderada por Richard Rampton (Tom Wilkinson, nomeado para um Óscar®) provar que o Holocausto ocorreu.


Negação foi realizado por Mick Jackson, vencedor de um Emmy Award® ("Temple Grandin") e adaptado para o ecrã pelo argumentista David Hare, nomeado para um BAFTA e um Óscar® ("The Reader"). A produção foi assinada por Gary Foster e Russ Krasnoff.

10/03/2017

Uma pequena vida, mas uma grande voz

Crítica: Elis

2016


Poster de "Elis"

"Elis" é um filme biográfico sobre uma das maiores cantoras brasileiras de sempre, Elis Regina, e consegue ser uma boa homenagem à falecida cantora, e a representar em filme um resumo da sua vida, sendo também um bom filme de entretenimento no geral. Foi também o filme escolhido para encerrar a 8ª Edição do FESTin, em Lisboa, tendo sido uma boa escolha.

Com uma vida recheada de percalços, Elis conseguiu mesmo assim afirmar-se numa indústria machista, muito através da sua personalidade directa e sem rodeios, conseguindo assim que a sua voz chegasse mais longe.

Andréia Horta numa cena de "Elis"

Aqui, o grande foco ao longo de todo o filme recai sempre na interpretação de Elis, e tenho de declarar a minha admiração pela actriz protagonista, Andréia Horta, que consegue personificar o físico e o espírito de Elis Regina de forma soberba, que mesmo quem desconheça a cantora consegue sentir o peso desta representação, e aplaudir o trabalho da actriz.

Por outro lado, o que se apresenta de forma mais negativa em "Elis" é a sua montagem e transições de tempo, que por vezes são feitas de forma muito apressada, fazendo com que o público se possa perder e não compreender tão bem certos saltos na narrativa. De resto estamos perante um filme competente, e que serve como uma referência para filmes biográficos.

Mau | Meh | Bom

09/03/2017

“Big Jato” vence 8ª Edição do FESTin

Imagem do filme "Big Jato"

A quarta longa-metragem do realizador brasileiro Cláudio Assis foi o filme vencedor da categoria Melhor Filme na 8ª Edição do FESTin. Esta história irreverente sobre um limpador de esgotos e o seu odiado irmão gémeo, interpretados por Matheus Nachtergaele foi a que mais agradou o júri composto pelas actrizes Carla Chambel e Joana de Verona e pelo fotógrafo Chico Aragão. É a segunda vez que um filme de Assis é distinguido na categoria depois que “Febre do Rato” foi o Melhor Filme em 2011.

Nachtergaele também foi o Melhor Actor, enquanto Glauce Guima, de “BR 716”, obra merecedora de uma Menção Honrosa, foi a Melhor Actriz. Por seu lado Érico Rassi, de “Comeback”, foi escolhido o Melhor Realizador, enquanto “Uma Vida à Espera”, de Sérgio Graciano, foi o vencedor do Prémio do Público.

Já o Prémio da Crítica, concedido por um júri composto por Inês Lourenço (Diário de Notícias), Carlos Natálio (À Pala de Walsh) e Vasco Batista Marques (Expresso), foi entregue a “Comeback”, do realizador Érico Rassi.

Por fim, destaque ainda para “Curumin”, obra de Marcos Prado que foi galardoada com a distinção de Melhor Documentário, e “Universo Preto Paralelo”, de Rubens Passaro, a Melhor Curta-Metragem.

Segue abaixo a lista completa dos vencedores:

Melhor Longa-Metragem de Ficção: “Big Jato”, de Cláudio Assis
Melhor Longa-Metragem de Ficção – Prémio da Crítica: “Comeback”, de Érico Rassi
Melhor Longa-Metragem de Ficção – Prémio do Público: “Uma Vida à Espera”, de Sérgio Graciano
Menção Honrosa Longa-Metragem de Ficção: “BR 716”, de Domingos de Oliveira.
Melhor Realizador: Érico Rassi, de “Comeback”
Melhor Actor: Matheus Nachtergaele, por “Big Jato”
Melhor Actriz: Glauce Guima, por “BR 716”
Melhor Documentário: “Curumim”, de Marcos Prado
Menção Honrosa Documentário: “Todos”, de Marilaine Castro da Costa e Alberto Cassol
Melhor Documentário – Prémio do Público: “Um Sonho Soberano” de Gonçalo Portugal Guerra
Melhor Curta-Metragem: “Universo Preto Paralelo”, de Rubens Passaro 
Melhor Curta-Metragem – Prémio do Público: “Kuru”, de Francisco Antunez
Menção Honrosa Curta-Metragem: “Rosinha”, de Gui Campos
Melhor Infanto/Juvenil Júri Adulto: “Lua em Sagitário”, de Márcia Paraíso
Menção Honrosa  Infanto/Juvenil Júri Adulto: “O projeto do meu Pai”, de Rosaria
Menção Honrosa Júri Infantil: “Pequenos Animais sem Dono”, de Maju de Paiva

08/03/2017

Um casamento histórico

Crítica: Um Reino Unido

2016


Poster de "Um Reino Unido"

Se faz parte do público mais interessado em filmes históricos, com um toque de romance, então este "Reino Unido" é para si.

Com base em factos reais, "Um Reino Unido" relata a história de um romance que causa muita resistência devido a diversos factores políticos e sociais, sendo que o maior ponto contra tem por base o racismo no final dos anos 40.

O paralelismo que envolve este filme, entre uma sociedade europeia, Inglaterra, e uma sociedade e estilo de vida africano, Botsuana, é interessante de constatar e comparar, vendo que em tantos aspectos são sociedades tão parecidas, e tão distantes, em simultâneo.

David Oyelowo numa cena de "Um Reino Unido"

Os conflitos emocionais e familiares que assistimos ao longo do filme encontram-se bem interpretados por todo o elenco, no entanto sente-se falta de uma maior profundidade nas personagens criadas, sendo estas muito planas e por vezes pouco convincentes, faltando-lhes garra.

A composição técnica é competente, mas tem uma fotografia medíocre, que neste tipo de filmes pediria que fosse mais criativa e eficiente, para transmitir uma maior envolvência entre o público e o ambiente que está na tela.

Deixo aqui uma nota muito positiva em relação ao actor David Oyelowo, que se destaca numa cena de um discurso sério e emocionante, que fez com que a sala de cinema ficasse como que suspensa ao longo de toda essa cena, e que agarrou bem os espectadores à personagem e à narrativa.

Mau | Meh | Bom

07/03/2017

"Change It" celebra o papel da Mulher a convite do FESTin


Hoje, no Cinema São Jorge, o CHANGE IT, a Federação das Mulheres Empresárias da CPLP e o FESTin, irão juntar-se no 15º Encontro Criativo daquele que é o maior movimento nacional dedicado à Mudança.  Dividido em 2 painéis, o encontro reúne novos Changers que irão debater o papel da mulher na sociedade, em celebração antecipada do Dia da Mulher.

16H30: TEMA: A mulher e o Mundo - O futuro em 2017
São Abdula – Presidente da Federação das Mulheres Empresárias da CPLP
Joana Cruz – Locutora da Rádio RFM
Joana Amaral Dias - Psicóloga e Política
Rui Vilhena - Argumentista
Susana Torres - High Performance Coach


18h30: TEMA: O novo Feminismo - O caminho para a mudança?
Salimo Abdula – Presidente da Confederação Económica da CPLP
Sofia Tenreiro – General Manager Cisco
Sofia Nicholson - Actriz
Rose Palhares – Designer de Moda
Patrícia Vasconcelos – Directora de Casting / Fundadora da Act
Andreia Horta - Actriz


Um Movimento que partiu de uma inquietude natural da sua fundadora, para uma verdadeira comunidade de pensadores e fazedores, que cresce a cada dia que passa. Hoje são quase 10 mil mentes inquietas. Hoje, são 10 mil e amanhã serão mais, sempre com vontade de serem melhores, diferentes, irreverentes e capazes de transformar realidades...

05/03/2017

"O cinema é uma arte de equipa."

A longa-metragem "A Floresta das Almas Perdidas" é a primeira obra neste formato realizada por José Pedro Lopes, conhecido já por ter realizado diversas curtas-metragens, e tem a sua estreia lisboeta hoje no festival FESTin, no Cinema São Jorge.

O seu criador diz-nos que este filme "é, na sua essência, um filme com muita portugalidade nos seus relacionamentos".

Conheçam aqui um pouco sobre José Pedro Lopes e "A Floresta das Almas Perdidas", nesta mini entrevista:

O realizador José Pedro Lopes e a actriz Daniela Love

Depois de diversas curtas-metragens produzidas, escritas e realizadas, chega agora a primeira longa-metragem, "A Floresta das Almas Perdidas", escrita e realizada por José Pedro Lopes. O que sentes ao ler a afirmação anterior?

José Pedro Lopes: É uma grande alegria fazer uma longa-metragem. Todos crescemos a ver longas, e foi com elas que nos apaixonamos por fazer cinema. É também uma maior entrega e compromisso com os espectadores: temos de contar uma história e fazer uma proposta que por si as faça sair de casa e ir ver. Isso é muito gratificante.
Não vejo como um feito pessoal no entanto, mas como um feito da produtora Anexo 82 na qual trabalho. Aliás, este filme é feito pela mesma equipa das curtas-metragens que fizemos nos últimos anos. O cinema é uma arte de equipa.

O género do Terror e Suspense é algo com que costumas trabalhar, como por exemplo em "Survivalismo", "M is for Macho" e agora com "A Floresta das Almas Perdidas". O que te atrai mais dentro destes géneros?

José Pedro Lopes: Eu comecei a ver filmes de terror quando era adolescente com o meu irmão, na era dos videoclubes de VHS. Éramos capazes de apanhar dois autocarros para ir ao outro lado da cidade do Porto para alugar uma fita do 'Sexta-Feira 13 Parte VII' que só havia no videoclube mais longe possível. O Fantasporto também fez a diferença - ter aquela semana anual onde podia ver filmes asiáticos e propostas estranhas que no circuito comercial não encontrava.
Apesar de serem de terror, creio que "A Floresta das Almas Perdidas" é uma proposta mais arrojada. Há ali terror, na linha do "slasher", com inspiração no cinema do John Carpenter e do Dário Argento. Mas é também uma história familiar, sobre tragédia e perda, e como sobreviver a ela. É uma reflexão sobre os valores da sociedade actual, com um lado crítico muito profundo.
Creio que a principal diferença é que não queria apenas fazer terror em "A Floresta" - o filme vai do drama à comédia, tem momentos de terror e é, na sua essência, um filme com muita portugalidade nos seus relacionamentos.

Imagem/Still de "A Floresta das Almas Perdidas"

Escreveste uma curta-metragem de Animação "Zombies4Kids", que foi nomeada a um prémio CinEuphoria. Qual foi o maior desafio de criar um filme do género de Animação em Portugal?

José Pedro Lopes: O "Zombies4Kids" começou com uma brincadeira com o Pedro Santasmarinas. Ele descobriu que eu tinha gravado uma série de músicas anti-pop onde eu cantava, uma delas chamada "Zombies para Crianças". Ele tem muito talento para desenhar mas não tinha feito curtas em animação, só imagem real. Então lá decidimos fazer uma curtinha. Foi uma excelente experiência, e passou no Indie Júnior para as escolas. As crianças de 12 anos adoraram porque afinal todas viam o "The Walking Dead".

Não é comum, actualmente, que um filme seja pensado a preto e branco, muito menos um filme do género Terror. Qual foi o motivo principal para que "A Floresta das Almas Perdidas" seja a preto e branco?

José Pedro Lopes: "A Floresta das Almas Perdidas" é um filme que cruza géneros e o faz de maneira bastante no limite. É uma história de amizade, com um lado melancólico e um lado fraternal. E, depois, cai no terror e muda de protagonistas. Essa transição abrupta do argumento tinha de ser gerida no filme e na sua estética. Não queria que o filme tivesse mudado só a linha narrativa. Daí a imagem do filme ser tão trabalhada em grandes planos e nas texturas que o preto e branco trás. Ou no ambiente sonoro opressivo constante, que visa ser uma espécie de "catedral à Dário Argento". O terror a preto e branco esteve esquecido, mas estes últimos anos tiveste alguns filmes muito bons, como o "Os Olhos da Minha Mãe" e o "Darling". É um género que ganha muito com a textura e o isolamento que o preto e branco trás às personagens.

"A Floresta das Almas Perdidas" estreou em Portugal no Fantasporto, com uma calorosa recepção a nível da crítica, e agora passa pelo FESTin, em Lisboa. Quais os planos futuros para a divulgação deste filme?

José Pedro Lopes: Foi uma grande alegria a sessão no Fantasporto. É um festival que nos é muito querido por sermos da cidade e termos crescido com ele. O público reagiu muito bem ao filme. Riram com a dinâmica dos protagonistas (o Jorge Mota e a Daniela Love trazem muito carisma à nossa história), e reagiram muito bem ao 'twist' obscuro que o filme tem a meio e ao que vem a seguir.
Acima de tudo pareceu-me que o público ficou contente por ir ver um filme português no género do terror e com uma postura tão aberta.

Imagem/Still de "A Floresta das Almas Perdidas"

04/03/2017

Homem como Animal e vice-versa

Crítica: Animal Político

2016


Poster de Animal Político

"Animal Político" é o primeiro filme em formato de longa-metragem do escritor e realizador brasileiro Tião, e não é um filme comum, nem normal, mas é sem dúvida interessante. Presente na 8ª Edição do FESTin, em Lisboa, conta com uma abordagem muito própria em relação ao pensamento humano e à sociedade civil em que vivemos hoje em dia. Temos aqui um filme que quer romper com as normas sociais convencionais, e levar o espectador numa viagem mental.

Baseado numa ideia para uma curta-metragem, este "Animal Político" sofre com uma extensão narrativa que por vezes é difícil colar e agregar no contexto de uma longa-metragem. Esta será talvez a maior falha desta obra.

Imagem do filme Animal Político

Apesar de a narrativa por vezes levar o público a tentar assimilar tudo o que se está a passar à sua volta, é com o estilo visual marcante que este filme prende, onde tanto podemos ver uma vaca a ir às compras ou a comer num restaurante, como um homem sem cabeça a andar no deserto, ou um iglo feito de livros.

As ideias presentes neste filme são realmente interessantes, mas é a sua estrutura que se perde ao longo do filme, e caso isso fosse mais desenvolvido ou reformulado, estaríamos perante um filme muito bom sem dúvida. Veremos o que o realizador Tião fará no futuro.

Mau | Meh | Bom

03/03/2017

"Amo viver em Portugal. Tenho qualidade de vida."

A actriz Karla Muga compõe o elenco do filme "O Intruso", que é exibido amanhã, dia 4 de Março em Lisboa, na 8ª Edição do FESTin.

Nós decidimos fazer uma mini entrevista à actriz, para a conhecermos melhor.

A actriz Karla Muga

1 - Gostaria de começar por perguntar-lhe qual é a grande diferença, para si, entre trabalhar uma personagem para uma série/novela ou para um filme?

KM: Bastante, no cinema normalmente temos acesso ao percurso total do personagem. As novelas e séries são obras abertas e podemos ser surpreendidos a qualquer momento com guinadas.

2 - Depois de vários trabalhos no Brasil, tem vindo a trabalhar recentemente em produções portuguesas, como a novela "A Única Mulher" ou o filme "Cinzento e Negro". O que a leva a trabalhar mais em Portugal, ou com equipas portuguesas?

KM: Amo viver em Portugal. Tenho qualidade de vida.

3 - O filme português "Cinzento e Negro", em que participa, foi recentemente nomeado a 14 Prémios Sophia, da Academia Portuguesa de Cinema, tendo sido o filme mais nomeado. O que acha destas distinções?

KM: Orgulhosa de ter feito parte neste belíssimo projeto. Todas as nomeações são merecidas. O Luís Filipe e a equipa trabalharam exaustivamente para alcançar esses resultados.

Imagem do filme "O Intruso"

4 - Este ano no FESTin vem apresentar o filme "O Intruso", um thriller de Paulo Fontenelle. Como descreveria a sua experiência em trabalhar neste filme?

KM: “Intruso” é uma daquelas coisas que tinha mesmo que acontecer na minha vida. A forma como abracei o projecto no dia que li o guião pela primeira vez. Tudo o que fizemos para ele chegar até aqui com tão poucos recursos. Isso tudo traduz a minha filosofia de vida: "faça acontecer", "joga a semente", "faça você mesmo", "não fique a espera".

5 - Por último, o que nos pode contar sobre os seus futuros projectos como actriz, e o que gostaria mais de ver cumprido na sua carreira nos próximos 10 anos?


KM: No final de 2017 vamos filmar o "Intruso 2" e espero que continue tendo o privilégio de fazer as coisas que acredito. Ainda tenho muitas "histórias" por contar, no cinema, na televisão, no teatro ou na web. Leve o tempo que levar. Que venham os próximos 10 anos.

02/03/2017

Brasília, ontem e hoje

Crítica: O Outro Lado do Paraíso

2014


Poster de O Outro Lado do Paraíso

A escolha do filme que abriu a 8ª Edição do FESTin recaiu em "O Outro Lado do Paraíso", um filme brasileiro de 2014, e esta escolha foi acertada, pois estamos perante um filme que mistura bem uma componente histórica, que vale sempre a pena realçar, com uma componente humana universal e que é transversal em todas as gerações: a incessante busca por melhores condições de vida para nós próprios e para a nossa família mais chegada.

Com uma produção muito envolvente e bem construída tecnicamente, vemos uma história a ser narrada, com base em aspectos e acontecimentos reais, de uma forma muito simples, mas não simplista, e que no caso deste filme assenta bem.

Imagem do filme O Outro Lado do Paraíso

Quero destacar aqui o que considerei ser sem dúvida os dois pontos mais fortes desta obra: a fotografia e composição cénica, e a prestação de todo o elenco jovem aqui presente.

Todo o elenco presta um bom serviço às suas personagens, mas é de facto o elenco mais jovem que consegue levar a narrativa a uma forma mais elevada, com actuações realmente muito boas, que provavelmente muitos actores adultos formados não conseguiriam chegar a este nível. Deixo aqui os meus parabéns aos actores, assim como à direcção de actores.

"O Outro Lado do Paraíso" é um filme que serve de referência para quem queira conhecer melhor a história do Brasil, e a construção da sua capital, Brasília, tendo por base uma componente humana universal e que nos toca a todos.

Mau | Meh | Bom