30/04/2017

Um excelente conto, e filme

Crítica: O Conto dos Contos

2015


Poster de "O Conto dos Contos"

Baseado em alguns dos contos escritos por Giambattista Basile, "O Conto dos Contos" integra na sua narrativa três histórias fantasiosas, mas que possuem um poder moral imenso, servindo como 'lições' para certas questões da sociedade e do Homem, como a ganância, a inveja, a vingança, etc.

O realizador italiano Matteo Garrone conseguiu (mais uma vez, pois vale lembrar que é o mesmo realizador de Gomorra) criar um filme que é bastante humano e ligado à sociedade e às diversas formas como a sociedade influencia, e é influenciada, pelos comportamentos das pessoas e do ambiente em que estas se inserem.
Apesar da sua dinâmica mais ficcional e fantasiosa, consegue agarrar o público e levá-lo para dentro deste ambiente, como se fizéssemos parte do mundo ali criado.

Imagem/Still de "O Conto dos Contos"

O grande destaque deste filme vai, sem dúvida, para toda a parte técnica do mesmo. Aqui estamos perante um filme que cria logo imagens icónicas, que praticamente falam por elas mesmas (como o caso da fotografia acima, retirada do filme).
Desde a sua fotografia, passando pelo guarda-roupa, direcção de arte, caracterização, efeitos especiais à banda-sonora de Alexandre Desplat, tudo em "O Conto dos Contos" está a um nível excelente, o que consegue por si só atrair o espectador para algo de novo e de diferente.

Este é um filme que serve para ver e rever, e que pode também funcionar muito bem numa perspectiva mais educacional para um público mais jovem.

Mau | Meh | Bom

26/04/2017

Bilhetes de Cinema a 2,5€, de 22 a 24 de Maio, em todo o país

A festa regressa aos cinemas portugueses



Pelo terceiro ano consecutivo, o maior evento promocional cinematográfico alguma vez ocorrido em Portugal – a Festa do Cinema – regressa nos dias 22, 23 e 24 de Maio.

Com bilhetes a 2,5€, para todos os filmes em exibição, o formato inclui todas as salas de cinema portuguesas, cinematecas e auditórios, proporcionando mais de 10 mil lugares por dia e mais de 10 mil sessões.

Com o objetivo de promover o acesso à cultura e atrair novos públicos às salas de cinema, as edições anteriores foram um sucesso, atingindo cerca de 400 mil espectadores. Em 2017 a organização volta a apostar neste evento, como forma de continuar a dinamizar o sector.

De referir que a Festa do Cinema é promovida pela APEC – Associação Portuguesa de Empresas Cinematográficas, com o apoio do ICA – Instituto do Cinema e do Audiovisual, FEVIP – Associação Portuguesa de Defesa das Obras Audiovisuais e GEDIPE – Associação para a Gestão de Direitos de Autor, Produtores e Editores.

Evento de Apresentação – Antestreia de ‘Perdidos’

O evento de apresentação da Festa do Cinema 2017 decorrerá a 15 de Maio, no Cineteatro Capitólio, devolvendo a magia do cinema ao Parque Mayer, e incluirá um debate com o título “Como criar mais hábito de consumo na Sétima Arte”. A Presidente do ICA, Filomena Serras Pereira, a Coordenadora do Plano Nacional de Cinema, Elsa Mendes, o Produtor Leonel Vieira, a Administradora da NOS Lusomundo Audiovisuais, Susanna Barbato, e o Diretor da UCI Cinemas, Nuno Sousa, são alguns dos oradores confirmados.
A celebração contará ainda com a antestreia do novo filme português ‘Perdidos’, no Cinema São Jorge. Com realização de Sérgio Graciano e produção de Leonel Vieira, o filme integra um elenco de luxo, do qual fazem parte actores portugueses como Dânia Neto, Afonso Pimentel, Diogo Amaral, Dalila Carmo, Catarina Gouveia e Lourenço Ortigão.

Campanha Festa do Cinema 2017

Em 2017, a Festa do Cinema conta com uma campanha multimeios, com presença em todas as salas de Cinema, TV e Digital, com produção da Stopline. A campanha estará no ar até dia 24 de Maio. Esta iniciativa conta como apoio da NOS enquanto Sponsor e da TVI e do Grupo Media Capital como Media Partner.

O spot está marcado por uma abordagem emocional, característica da sétima arte, e integrará diversos actores do elenco de ‘Perdidos’, nomeadamente Dânia Neto e Afonso Pimentel. A acção do filme ocorre numa sala de cinema e vive de planos fechados em olhares e expressões corporais que partilham emoções. Desde a lágrima que vem aos olhos, as mãos que se agarram com tensão à cadeira, os lábios que se trincam ou ganham um sorriso, as pernas e braços que se cruzam, os olhares de espanto, ternura e até o fechar de olhos.

O objetivo é despertar as emoções que vivemos no cinema: “Mais de cem mil sorrisos. E quase o mesmo número de lágrimas. Perto de quarenta mil arrepios, seguidos de quinze mil sustos. Cerca de cem mil gargalhadas, vinte mil saltos na cadeira, noventa mil olhos fechados e outros tantos esbugalhados”. Em 2016 a Festa do Cinema teve quase duzentos mil espectadores.

23/04/2017

A emancipação de Marx

Crítica: O Jovem Karl Marx

2017


Poster de "O Jovem Karl Marx"

Um filme biográfico sobre qualquer político, ou pessoa ligada à política, poderá ser tendencioso. Esse não é o caso de "O Jovem Karl Marx".

Relatando de forma coerente a nível histórico, e com base em acontecimentos reais, claro que sempre com alguma ficção à mistura (afinal isto é ficção e não um documentário), estamos perante um bom filme que consegue não aborrecer o espectador com algumas partes mais históricas, que já possam ser do conhecimento geral.
Consegue ainda estimular-nos a pensarmos de forma inteligente e racional os assuntos políticos que nos rodeiam, por forma a vermos todos os possíveis lados e posições que em todas as sociedades estão presentes num sistema político.

Imagem de "O Jovem Karl Marx"

Para além de toda a seriedade que este tipo de filmes tem de ter e manter, este 'Jovem Karl Marx' também dá cartas na parte mais ficcional, com a parte técnica a ser muito bem trabalhada, desde os cenários, guarda-roupa a todo o elenco, e principalmente na sua fotografia, que aqui está realmente excepcional.

O que poderá aqui falhar é algo que ultrapassa o filme em si, pois talvez o público menos ligado a temas políticos descarte logo este filme da sua agenda, assim como o público que não se revê na figura de Karl Marx. De qualquer modo este é um filme que vale a pena ver, e que serve de documento sobre a época que retrata, e sobre a figura histórica que foi Karl Marx.

Mau | Meh | Bom

17/04/2017

"Velocidade Furiosa 8" tem a melhor abertura mundial de um filme... de sempre!


Velocidade Furiosa 8’ bate recordes de todas as anteriores estreias do franchise e deixa marca no Box-Office nacional e internacional:

- Melhor dia de estreia de sempre em Portugal
- Melhor fim-de-semana de sempre em Portugal
- Melhor fim-de-semana de sempre no Mundo

Em apenas quatro dias, mais de 252 mil espectadores viram ‘Velocidade Furiosa 8’ em Portugal, tornando o oitavo filme da saga no filme mais visto e lucrativo de sempre, em Portugal, no seu fim de semana de abertura, com 1.437.240 € de Box-Office. Foi ainda o melhor dia de abertura de sempre em Portugal.

Internacionalmente ‘Velocidade Furiosa 8’ também bateu recordes, incluindo o de maior Box-Office no fim de semana de abertura com 532,5 milhões de dólares, em 64 territórios, batendo ‘Star Wars: O Despertar da Força’ (529 milhões de dólares). Com estes valores, a saga ‘Velocidade Furiosa’ já amealhou 4,5 biliões de dólares em todo o mundo.

‘Velocidade Furiosa 8’ abriu em primeiro lugar em todos os territórios onde estreou, sendo que, em 17 deles, obteve a melhor abertura de sempre: Argentina, China, Colômbia, Egipto, Indonésia, Israel, Líbano, Malásia, Médio Oriente, Paquistão, Panamá, Perú, Portugal, África do Sul, Emirados Árabes Unidos, Venezuela e Vietname. De todos os territórios, o que mais facturou foi a China, com 190 milhões de dólares.

15/04/2017

Programação Festival Cannes 2017


SECÇÃO OFICIAL

Nelyubov (Andrey Zvyagintsev)
Good Time (Benny Safdie & Josh Safdi)
You Were Never Really Here (Lynne Ramsay)
L’Ame Double (François Ozon)
Jupiter’s Moon (Kornel Mundruzco)
The Killing of the Sacred Deer (Yorgos Lanthimos)
Geu-Hu (Hang Sang-Soo)
Redoubtable (Michel Hazanavicius)
Wonderstruck (Todd Haynes)
Happy End (Michael Haneke)
Rodin (Jacques Doillon)
The Beguiled (Sofia Coppola)
In the Fade (Fatih Akin)
A Gentle Creature (Sergei Loznitsa)
Hikari (Naomi Kawase)
The Meyerowitz Stories (Noah Baumbach)
Okja (Bong Joon-Ho)
120 Battements Par Minute (Robin Campillo)
Rodin (Jacques Doillon)

FORA DE COMPETIÇÃO

How to Talk to Girls at Parties (James Cameron Mitchell)
Les Fantomes D’Ismael (Arnaud Desplechin, filme de abertura)
Mugen non Junin (Takashi Miike)
Visages (Agnès Varda & JR)

SESSÕES ESPECIAIS

Claire’s Camera (Hong Sangsoo)
Demons in Paradise (Jude Ratman)
An Inconvenient Sequel (Bonni Cohen e Jon Shenk)
Napalm (Claude Lanzmann)
Promised Land (Eugene Jarecki)
Sea Sorrow (Vanessa Redgrave)
They (Anahita Ghazvinizadeh)
12 Days (Raymond Depardon)

SESSÕES DA MEIA-NOITE

Ak-Nyeo (Jung Byug-Gil)
Bulhangang (Byun Sung-Hyun)
Prayer Before Dawn (Jean-Stephane Sauvaire)

EVENTOS ESPECAIS

24 Frames (Abbas Kiarostami)
Top of the Lake (Jane Campion e Ariel Kleiman)
Come Swim (Kristen Stewart)
Twin Peaks (David Lynch, dois episódios)

SECÇÃO UN CERTAIN REGARD

Aala Kaf Ifrit (Kaouther Ven Hania)
Après Le Guerre (Annarita Zambrano)
Barbara (Mathieu Amauric)
En Attendant Les Hirondelles (Karim Moussaoui)
Fortunata (Sergio Castellitto)
Jeune Femme (Leonor Serraille)
L’Atelier (Laurent Cantet)
La Novia del Desierto (Cecilia Atan e Valeria Pivato)
Las Hijas de Abril (Michel Franco)
Lerd (Mohammed Rasoufol)
Out (Gyorgy Kristof)
Posoki (Stephan Komandarev)
Sanpo Suru Shrinryakusha (Kiyoshi Kurosawa)
Tesnota (Kantemir Balagov)
Western (Valeska Grisebach)
Wind River (Taylor Sheridan)

INSTALAÇÃO ESPECIAL REALIDADE VIRTUAL

Carne y Arena (Alejandro González Iñarritu)

Uma saga que já chegou ao seu limite

Crítica: Velocidade Furiosa 8

2017


Poster de "Velocidade Furiosa 8"

Quando num qualquer franchise ou saga cinematográfica chega-se à marca do seu oitavo filme, é porque de certeza que tem (muito) êxito nas bilheteiras, e que consegue ainda atrair continuamente um grande grupo de seguidores.
Contudo, no caso da sua qualidade como filme, já é um tópico que pode ser discutido.

"Velocidade Furiosa 8" não traz nada de novo ao cinema, nem nada de novo à saga em si, com excepção de uma reviravolta no guião desde o início, mas que é bastante previsível e não resulta como algo muito inteligente.
Este é o típico filme 'pipoca' que gosta de sujeitar o público a uma montagem frenética, cenas de acção exageradas, efeitos especiais e sonoros em demasia, e cenas tão impossíveis que só fazem com que o espectador ria.

Charlize Theron numa imagem de "Velocidade Furiosa 8"

E ao contrário do que seria de esperar num filme recheado de porrada e carros, aqui não é o elenco masculino que rouba a atenção, mas sim o elenco feminino, em especial a actriz Charlize Theron, que consegue, mesmo num papel simples, mostrar uma vez mais os seus dotes artísticos, e confirmar porque é uma actriz galardoada com um Óscar.

Caso esta saga continue, o que deverá acontecer, é impossível não pensar onde poderá decorrer a próxima narrativa, uma vez que já se esgotaram as ameaças nucleares globais e por aí em diante. Talvez vejamos carros voadores no espaço a dispararem lasers e a fazerem corridas espaciais?
Se for esse o caso, admito que poderá ficar mais interessante.

Mau | Meh | Bom

12/04/2017

Kong é rei, mas não no cinema

Crítica: Kong: Ilha da Caveira

2017


Poster de "Kong: Ilha da Caveira"

O mítico monstro conhecido como King Kong já tem uma longa relação com o cinema. Tal como o seu amigo Godzilla (ou será inimigo?), muitos foram já os filmes e adaptações feitas de histórias, onde o protagonista é um animal gigante, que tanto aterroriza uma população, como a deixa encantada com a sua consciência inocente e animalesca.

"Kong: Ilha da Caveira" não foge à regra, e mantém o fio narrativo já conhecido deste sub-género do cinema.
Aqui não se vai encontrar nada de novo, nem se surpreender com este ou aquele ponto, no entanto a narrativa em si é consistente, e os efeitos especiais que se esperam destes filmes também estão competentes e não se encontram em demasia.


Com um elenco sólido, e que já tem muita experiência nestas andanças, "Kong: Ilha da Caveira" também ganha neste ponto, mas o que o faz ser banal é mesmo a sua restrição a um sub-género que não é aqui que se vai reformar ou remodelar.

Um bom filme de aventura para os adolescentes, mas o mesmo King Kong para os adultos, salvo o facto de aqui não haver Empire State Building para ninguém.

Mau | Meh | Bom

10/04/2017

Fragmentação em Fragmentado

Crítica: Fragmentado

2016


Poster de "Fragmentado"

O realizador e escritor M. Night Shyamalan é do tipo de cineastas cujos filmes tanto podem acertar no alvo, como falharem muito ao lado. Depois de uma carreira que inclui filmes como O Sexto Sentido, O Protegido, Sinais, A Vila, A Senhora da Água ou A Visita, este realizador regressa ao ecrã em 2016 com Fragmentado, um filme curioso, cuja personagem principal tem de lidar com uma doença onde a sua personalidade se altera a 100%, tendo criado ao longo dos tempos diversas personalidades dentro de si.

Neste caso, Fragmentado apresenta-se como um filme chamativo pela sua história base, mas que em boa verdade não consegue apresentar eficazmente essa narrativa ao público, não sendo no entanto uma das piores obras de Shyamalan, mas também não é das suas melhores. Digamos que é medíocre e que poderia ser bastante superior.

M. Night Shyamalan e James McAvoy nas filmagens de "Fragmentado"

O ponto mais forte deste filme recai sem dúvida no actor principal, James McAvoy, que tem aqui uma personagem que se desdobra em muitas, e esse aspecto deverá ter sido muito desafiante para o actor, e o mesmo conseguiu superar esse desafio de forma interessante.

O que falha mais em Fragmentado é, desculpem pela redundância, a sua fragmentação, seja nas narrativas secundárias que deixa em aberto e por explicar, seja também pela falta de alguma explicação na narrativa principal, e no passado da personagem central.

Sempre com algum toque fantasioso e supernatural, que o realizador mantém no seu estilo, falta alguma consistência no seu todo para deixar o público verdadeiramente espantado e surpreso com os twists que são exibidos.

Mau | Meh | Bom

02/04/2017

Um filme que toca na ferida

Crítica: São Jorge

2016


Poster de São Jorge

"São Jorge" é o tipo de filme necessário para que a memória e história de uma sociedade não sejam esquecidas. Aquele tipo de filmes que incomoda, que toca na ferida, e que mostra um dos lados mais negros da sociedade portuguesa, em específico, e assim o faz de forma estruturada e sem tomar nenhum partido, resumindo-se apenas aos factos e à transformação dos mesmos de forma ficcional, mas respeitando-os à mesma, nunca caindo no exagero dramático ou em histórias paralelas.

Com a realização ao leme de Marco Martins, e a personagem principal ao cargo de Nuno Lopes, este "São Jorge" vem provar que esta dupla resulta, e não só resulta, como resulta muito bem. A realização é consistente em levar aos poucos a história ao espectador, e ir desvendando a mesma, e a actuação de Nuno Lopes de forma subtil mas com bastante carga dramática nos seus gestos e olhares, levam esta história a um nível superior.

Imagem / Still de São Jorge

Destaco ainda a qualidade de todo o elenco secundário, mais ou menos conhecido, que prestam boas actuações em todas as suas cenas, assim como a forma 'caco-fónica' com que a banda-sonora se encontra construída, onde a mistura de diversos elementos sonoros leva a que o público se identifique com certos locais ou situações, sem mesmo as ter de ver no ecrã, ou também interessar-se pelo que está a ouvir.

Apenas senti que a parte da fotografia do filme fosse por vezes exagerada no seu estilo, mas são escolhas visuais. "São Jorge" não é apenas um filme português muito bom, é sim um filme muito bom.

Mau | Meh | Bom