30/09/2016

Vidas em alto mar

Crítica: Exotica, Erotica, Etc.
2015


Um retrato cinematográfico sobre a vida em alto mar, os marinheiros, os portos e o amor em terra e no mar. Exotica, Erotica, Etc. é um documentário realizado em 2015 por Evangelia Kranioti, e foi o filme de abertura da 3ª Edição do Festival Olhares do Mediterrâneo, que decorre no Cinema São Jorge.

Trata-se de um filme que contempla a solidão em alto mar e a vida de marinheiros, com alguns relatos falados, mas o fio condutor deste documentário centra-se numa voz feminina de uma prostituta que conta partes da sua vida e da sua relação com os marinheiros com quem já partilhou a sua cama, o seu corpo e o seu amor.
Um olhar feminino, mas não feminista, sobre uma realidade talvez pouco conhecida de perto do grande público. Sabemos que existe, mas temos a tendência a não falar muito sobre essas temáticas. No entanto em Exotica, Erotica, Etc. somos abalroados por um mar que não tem fim e pela sua influência no que o rodeia.


Apesar de algumas sequências narrativas um pouco dispensáveis para a mensagem geral que o documentário pretende transmitir, estamos aqui perante um documentário bastante sólido que se destaca fortemente pela magnífica fotografia e planos que são exibidos (uma tarefa realizada também pela argumentista e realizadora Evangelia Kranioti), e que deveria sem dúvida chegar a um público mais alargado.

Mau | Meh | Bom

"Não é preciso saber desenhar para se fazer animação."

O nosso blogue foi entrevistar a realizadora portuguesa Margarida Madeira, que este ano apresenta a sua curta-metragem de animação "Dona Fúnfia - 1ª etapa da Volta a Portugal em Bicicleta" no Festival Olhares do Mediterrâneo, que se trata de um projecto piloto de uma série de 20.

A curta será exibida dia 2 de Outubro, às 14H30, no Cinema São Jorge.

Imagem da curta "Dona Fúnfia - 1ª etapa da Volta a Portugal em Bicicleta"

P: Olá Margarida, gostaria de lhe fazer uma primeira pergunta directa a um assunto complexo: quais são os desafios (se é que os há) de ser uma realizadora em Portugal?

MM: Ser realizadora e produtora em Portugal é um desafio com o qual ainda estou a aprender a lidar. Sem querer generalizar, mas generalizando, acho que ainda não se dá tanta importância à animação nem se tem uma consciência dos seus custos em comparação com países como França, Espanha ou Inglaterra. Talvez por isso as fontes de financiamento não abundem. Por outro lado, admito que é quando não as há que me sinto mais criativa. Saber gerir essa criatividade e sobreviver ao mesmo tempo é o meu maior desafio.

P: A curta que apresenta este ano teve o apoio do ICA. Sente que o ICA apoia de igual forma filmes de animação e filmes não animados?

MM: Sei que a fatia do bolo é maior para os filmes não animados mas também há um maior número de comensais. Quero acreditar que o apoio é proporcional.

P: Em 2015 obteve uma Menção Honrosa neste mesmo festival. Como é voltar a este festival um ano depois, após esta Menção?

MM: É sempre gratificante ver o meu trabalho reconhecido, seja por uma seleção ou uma premiação. Voltar a fazer parte do programa do Olhares é saber que o que faço continua a fazer sentido para as pessoas e isso motiva-me a continuar.

P: Fez um intercâmbio para a Polónia que lhe levou a aumentar o seu interesse pela animação de personagens. Como surgiu esta paixão?

MM: Na Polónia a presença da animação é muito forte. Antes de ir já gostava de animação mas não sabia que era isso a que me queria dedicar. Ao assistir e ao fazer parte daquele esforço e carinho que dedicam ao ensino da animação fiquei completamente apaixonada e decidi que era nessa área em que queria investir.

P: Fundou em Portugal uma produtora, a Pickle Films. Quais são os principais desafios de abrir uma produtora mais centrada para a animação, em Portugal?

MM: Para além de toda a parte burocrática de que é preciso tratar ao ter uma produtora, limitar a atividade à animação fecha muitas portas. É preciso uma procura constante de projetos e apoios para conseguir sobreviver. Por enquanto acho que não tenho outra escolha pois ainda me sinto a arrancar e tento focar-me naquilo que sei fazer melhor.

P: O estilo de animação utilizado em "Dona Fúnfia" é diferente, em parte, da curta "Dona Fúnfia - 1ª etapa da Volta a Portugal em Bicicleta". Algum motivo em especial?

MM: A curta Dona Fúnfia - 1ª etapa da Volta a Portugal em Bicicleta é um episódio piloto para um projeto de uma série de vinte. As escolhas técnicas foram feitas a pensar numa otimização de recursos já que recorrer à animação em 3D permite diminuir o custo e tempo da produção.

P: A Avó Teresa foi a grande inspiração para a personagem de Dona Fúnfia?

MM: A Avó Teresa emprestou a voz que narra a Dona Fúnfia mas ela não é a Dona Fúnfia, apesar de terem alguns pontos em comum como gostar de viajar e andar de bicicleta. 
A Dona Fúnfia é uma personagem que faz parte do meu imaginário infantil inspirado em algumas pessoas e histórias com quem convivi durante essa época em Canas de Senhorim.

P: A Margarida participa em Oficinas de Animação. O quão importante é para si ensinar este "ofício" a outras pessoas?

MM: Para mim, o mais importante das oficinas é poder demonstrar dois aspetos: o primeiro é que a animação não é exclusivamente para crianças, é uma forma de expressão artística em que se pode conjugar a imagem e o som ao serviço da imaginação quase sem limitações, coisa que nem sempre é possível na imagem real; a segunda é que não é preciso saber desenhar para se fazer animação.

P: Por último Margarida, gostava de saber qual a recepção que espera do público este ano do Olhares do Mediterrâneo? E o que nos reserva para 2017?

MM: Eu gostava que o público do Olhares se divertisse com o primeiro episódio da série Dona Fúnfia - Volta a Portugal em Bicicleta e que ficasse curioso com o resto do projeto. Acho que isso seria encorajador para seguir em frente (literalmente) que no fundo é o que espero estar a fazer em 2017.

29/09/2016

Animação "hardcore" para +18

Crítica: Salsicha Party
2016

Poster de Salsicha Party

Já faltava no grande ecrã um bom filme de animação para adultos. Salsicha Party (o mais recente filme da nova vaga de comediantes americanos, como por exemplo Seth Rogen), veio preencher esta lacuna. Preencher esta lacuna e outros buracos também, if you know what I mean.

Em Salsicha Party, o mundo da comida e alguns objectos do nosso dia-a-dia ganham vida e sentimentos, possuindo um propósito comum que é o de agradar aos seus deuses, que somos nós, os humanos. No entanto, a realidade do que reserva o seu destino é descoberta, e uma aventura com muito amor e asneiras inicia-se da forma mais hilariante possível.

Imagem/Still de Salsicha Party

Não se enganem as pessoas que possam pensar que este é apenas mais um filme de animação familiar para crianças, pois não o é. Tem bastantes asneiras à mistura com referências sexuais (e não só), que pode inclusivamente chocar os mais sensíveis ou deixar com lágrimas de tanto rir para aqueles que gostam de comédias mais leves e brejeiras.

Quem gostou de títulos como Borat por exemplo vai certamente adorar Salsicha Party. Mas fiquem já a saber: ao lado de Salsicha Party, Borat é para meninos. Destaco, para além da história bem conseguida com boas piadas a um ritmo constante, a excelente forma como os animadores deste filme conseguiram humanizar a comida e os objectos com vida, de forma a poderem interagir entre si e não passar a ideia ao espectador de soar totalmente falso.

Mau | Meh | Bom

27/09/2016

Em 2018 temos “Peter Rabbit” nos cinemas

A Studio Partners e a Animal Logic produzem o primeiro filme em live action/CG Adaptation do adorado clássico. James Corden dará voz ao personagem principal, Peter; Rose Byrne é a co-protagonista, Daisy Ridley e Elizabeth Debicki também se juntam ao elenco de vozes.



A Columbia Pictures junta-se a Frederick Warne & Co., da Penguin Random House UK para "Peter Rabbit", o novo live-action/CG motion picture baseado na adorada série de livros mundialmente conhecidos, escritos e ilustrados por Beatrix Potter, cujo 150º aniversário se celebra este ano.

O filme será realizado por Will Gluck, criado na Animal Logic, o estúdio de animação e produção de efeitos visuais FX da Austrália. A Animal Logic criou a animação para o blockbuster mundial “O Filme LEGO”. Will Gluck (Olive Bridge Entertainment) e Zareh Nalbandian (Animal Logic Entertainment) juntam-se para produzir o filme, com Doug Belgrad como Produtor Executivo. O argumento é de Rob Lieber com revisões de Gluck. Jodi Hildebrand de Olive Bridge e Jason Lust serão também produtores executivos.

Com este filme, a Columbia e Frederick Warne levarão o adorado personagem Peter Rabbit de Beatrix Potter a uma nova audiência. A Frederick Warne tem sido a editora de Beatrix Potter desde a publicação de “The Tale of Peter Rabbit” em 1902 e é a casa da marca Peter Rabbit e Beatrix Potter.

25/09/2016

Um Canivete Suiço Morto

Crítica: Swiss Army Man
2016

Poster de Swiss Army Man

Digamos que Swiss Army Man não é o típico filme americano de 2016. Aliás, não é um típico filme, ponto. A narrativa centra-se em Hank (Paul Dano) que se encontra perdido numa ilha deserta e tenta suicidar-se, até que encontra um corpo morto (Daniel Radcliffe) estendido no areal da ilha, e acaba por criar uma amizade com este corpo e a dar-lhe diversas utilidades, como sua ferramenta pessoal, por forma a sair daquela ilha, sendo que durante o processo vai descobrindo novas utilidades ou poderes que o morto tem e aos poucos reanimando o mesmo de volta à vida.
Estranho o suficiente? Sim. Muito mau ou muito bom? Muito Bom!

Imagem de Swiss Army Man

Sem dúvida que Swiss Army Man relata de uma forma muito fantasiosa, irrealista e grotesca (sim, neste filme à excesso de cenas que contêm flatulência, vómitos, membros partidos, erecções, etc) a condição humana em momentos de desespero, onde a própria sobrevivência está constantemente a ser colocada em causa, no entanto consegue através da sua narrativa levar o espectador numa viagem alucinante e muito interessante, onde no final a pessoa que assistiu fica com certeza a pensar em mil e um assuntos de forma séria. E são poucos os filmes que conseguem causar este efeito no público.

Para além do argumento excelente e único, destaco também a boa realização, ambos a cargo dos irmãos Daniels; o elenco, no qual se nota durante o filme toda a sua dedicação e esforço por forma a dar justiça ao material que lhes fora apresentado.
Um filme a não perder que deveria ser visto por qualquer adulto, e que retrata de um forma muito singular o tema da morte, entre outros.

Mau | Meh | Bom

21/09/2016

MOTELx termina 10.ª Edição com casa cheia


O MOTELx - Festival Internacional de Cinema de Terror de Lisboa fechou a 10.ª Edição com 18.250 espectadores, mantendo a subida já registada no ano anterior. Este ano, destaque ainda para a lista de convidados internacionais, entre os quais Ruggero Deodato, realizador do polémico “Holocausto Canibal”, e a estreia da competição de longas-metragens europeias. Foi uma maratona do melhor cinema de terror a confirmar que o festival já tem uma legião fiel de seguidores.

O MOTELx terminou no domingo, 11 de Setembro, a sua 10.ª Edição com casa cheia e mais uma sessão - de encerramento, com exibição do filme “The Devil’s Candy” – completamente lotada. Ao longo de 6 dias de festival mais 2 de Warm-Up, o MOTELx atraiu às salas do Cinema São Jorge, Teatro Tivoli BBVA e Cinemateca Júnior cerca de 18.250 pessoas em mais de 70 sessões de cinema, workshops e inúmeras actividades paralelas. Aumentando a afluência registada no ano anterior, o MOTELx confirma-se assim como um festival de culto com fiéis seguidores e entusiastas. A adesão às redes sociais, Facebook e Instagram, também tem vindo a registar um aumento significativo.

A celebrar uma década do melhor cinema de terror em Portugal, o MOTELx continua assim a crescer com esta 10.ª Edição a revelar-se a mais concorrida. O festival, que este ano inaugurou a competição de longas-metragens europeias, encerrou com a atribuição dos prémios a “The Noonday Witch”, de Jiri Sádek, que sagrou-se assim o primeiro vencedor do Prémio MOTELx Melhor Longa de Terror Europeia 2016/Méliès d’Argent. Já “Post-Mortem”, de Belmiro Ribeiro, venceu o Prémio MOTELx Melhor Curta de Terror Portuguesa 2016/Méliès d’Argent, com o valor monetário de 5.000 euros, o maior prémio atribuído a curtas em Portugal. “Palhaços”, de Pedro Crispim, mereceu ainda uma Menção Especial.

18/09/2016

De Palma por De Palma

Crítica: De Palma
2015

Poster do filme De Palma

Em 2015 os realizadores Noah Baumbach e Jake Paltrow fizeram um documentário sobre o realizador Brian De Palma, que não passa de uma entrevista ao mesmo com inserções de planos e sequências sobre o que o realizador vai contando. Em 2016, De Palma foi apresentado em Portugal no festival MOTELx.

Imagem do documentário De Palma

Este De Palma serve para que os menos atentos à filmografia de um dos grandes realizadores contemporâneos (que assinou títulos como Carrie, Vestida para Matar, Scarface, Os Intocáveis, Missão Impossível ou A Dália Negra), possam aqui conhecer a sua história, o seu método de trabalho e algumas curiosidades sobre a indústria do cinema, e em particular, a indústria norte-americana. No entanto, para além disso, esta obra pouco mais acrescenta.

Trata-se de um documentário muito simples na sua concretização, e que não aprofunda em demasia a vida de Brian De Palma. Talvez num futuro distante se possa criar um filme que detalhe mais sobre Brian De Palma e a sua obra.

Com um registo mais televisivo e não tanto cinematográfico, é um filme competente e importante para dar a conhecer o realizador Brian De Palma.

Mau | Meh | Bom

15/09/2016

Na Floresta... tenta correr!

Crítica: Na Floresta... Corre! (curta-metragem)
2016

Poster da curta "Na Floresta... Corre!"

Uma curta-metragem com cerca de 7 minutos dentro do género terror não será nada fácil de executar e conseguir em tão pouco tempo encutir algum tipo de medo ou receio no público. No entanto a curta "Na Floresta... Corre!" (apresentada na edição de 2016 do festival MOTELx) consegue esse feito.

Com uma execução técnica completamente profissional, é aqui apresentada uma pequena história onde um rapaz que se encontra a correr no meio de uma densa floresta é interpelado por um mal que nela habita e que vai traçar o seu destino. Com algum gore à mistura, vai-se aumentando aos poucos o clima de tensão e levantando-se o véu sobre o desfecho final de forma bastante competente.

Destaque para alguns dos pontos mais fortes deste filme: boa produção sonora e caracterização das personagens e ambiente, boa interpretação do actor Francisco Sousa, e por último destaca-se também a qualidade dos grafismos apresentados tanto no título do filme como nos créditos finais e poster.


Mau | Meh | Bom

14/09/2016

O Mediterrâneo está a chegar a Lisboa

33 filmes, debates, workshops, performances e uma exposição são o âmago da programação da 3ª edição do Festival Olhares do Mediterrâneo – Cinema no feminino, a decorrer de 29 de Setembro a 2 de Outubro, no Cinema São Jorge.



O filme oficial de abertura do Festival é uma obra documental visualmente deslumbrante, vencedor de vários prémios, da autoria de Evangelia Kranioti, que também assina o argumento e a direcção de fotografia. A trama de Exotica, Erotica, Etc, sobre a vida dos marinheiros em alto mar e os seus encontros amorosos fortuitos, demorou 9 anos a ser concluído, implicando mais de 20 viagens e 450 horas de filmagens. A entrada para este filme é gratuita.

Ao longo dos 4 dias de Festival, serão exibidas 9 longas e 24 curtas-metragens, de géneros cinematográficos diversos, nomeadamente documentário, ficção e animação. Neste quadro, realizadoras como Dima AL-Joundi, do Líbano, Isabel Fernández, de Espanha, Rosa Rogers, de Inglaterra, e Merième Addou, de Marrocos, entre outras, estarão presentes no evento para participar em debates subordinados aos temas dos seus respectivos filmes.

A maior novidade da edição deste ano do Festival chega com a secção especial ‘Travessias’, dedicada aos refugiados e migrações forçadas. A secção é composta por 8 filmes, 4 debates, acolhimento da ONG SOS Méditerranée France e uma exposição fotográfica “Olhares que nos habitam”, construída através do olhar de um grupo de jovens mulheres refugiadas, oriundas de países em contexto de guerra e residentes em Portugal.

No dia 2 de Outubro, antes da exibição do filme de encerramento Kusursuzlar, da Turquia, serão revelados os vencedores dos prémios desta edição. Na competição geral, o júri para a melhor longa-metragem e curta-metragem é composto pela actriz Rita Blanco, pelo programador Adriano Smaldone e pelo montador/editor Tomás Baltazar. O prémio para o melhor filme da secção 'Travessias' será atribuído por João Afonso, vereador da CML, Margarida Moz, programadora, e Raquel Freire, realizadora. O público será também convidado a votar no melhor filme.

A par das sessões de cinema, para o público em geral e escolas, e da secção 'Travessias', foi desenvolvida uma programação paralela diversificada, com várias actividades para miúdos e graúdos, composta por: workshop de culinária Nem Acredito que É Saudável, com Sara Oliveira; atelier de cinema Olhares em Pequenino, com Maria Remédio; oficina Falsos Amigos, pelo Instituto Cervantes; cerimónia de chá, promovida pela Embaixada de Marrocos; concerto com Coro Feminino de Lisboa; conferência As pessoas no Mediterrâneo; e mercado de livros, artesanato e sabores.

13/09/2016

Quando o mau dá para rir

Crítica: Don't Kill It
2016

Poster de Don't Kill It

Estão a ver aquele tipo de filmes que é tão mau que até é bom, estilo Sharknado? Don't Kill It é esse tipo de filme.
Com a sua estreia na edição de 2016 do festival MOTELx, o realizador Mike Mendez (Lavalantula) traz ao cinema um filme de comédia gore que a nível técnico tem tudo de mau: iluminação e fotografia más, maus actores, cenários de carnificina maus, sequências de morte com bonecos, cabos à mostra, mau som, maus efeitos especiais, etc, no entanto consegue captar o espectador de tão mau que é, com algumas cenas que fazem-nos rir à gargalhada.

Não acrescentando nada de novo ao cinema dentro deste estilo (muito menos ao cinema em geral), tenta recriar um estilo dos filmes de série B de terror, com uma história simples sobre um demónio que aterroriza uma aldeia nos EUA, sendo que este tem um poder muito particular, onde somente o herói Jebediah Woodley (Dolph Lundgren) sabe como o enfrentar.

Com uma sequência inicial hilariante e bem conseguida dentro do género, Don't Kill It consegue ter alguns bons momentos de comédia, mas poderia mesmo assim ser bem melhor, aliás, muito melhor. Não se enganem se pensam que vão ver um típico filme de terror.

Mau | Meh | Bom

10/09/2016

EUA a purificar ao estilo Americano

Crítica: The Purge: Election Year
2016

Poster de The Purge: Election Year

O terceiro filme de uma série que gosta de libertar a violência que existe no ser humano ao estilo norte-americano. The Purge: Election Year deverá concluir uma trilogia de filmes onde o enredo principal consiste em dar 12 horas por ano a uma nação (EUA), para que qualquer cidadão possa fazer o que bem lhe apetecer, sem qualquer tipo de consequência. Ou seja, uma espécie de anarquia legalizada durante uma noite.

A ideia apresentada já no primeiro filme desta série (ano de 2013) mantém-se viva e consistente neste filme, mantendo o mesmo clima de terror, colocando sempre em certos momentos próprios uma pitada de crítica ao que a ideia do filme representa: a libertação que esta purga supostamente traz à população.

Imagem do filme The Purge: Election Year

Com estreia em Portugal na edição de 2016 do festival MOTELx, esta noite de purga em ano de eleições traz ao ecrã algo que a série até agora não tinha: uma escala política e mais global sobre a ideologia da purga em si e dos jogos que estão por trás de uma lei como esta.
Um filme decente e que demonstra como um terceiro filme de uma saga de terror consegue ser ainda um bom filme dentro e fora do seu género, pelo simples facto de estar assente numa ideia base que é diferente em si, e que deixa sempre o público a pensar sobre a condição da violência humana.

Mau | Meh | Bom

09/09/2016

Fernando Ribeiro é o anfitrião da festa do 10.º MOTELx

Fernando Ribeiro

O vocalista dos Moonspell vai virar DJ e animar o Titanic sur Mer, no Cais do Sodré, hoje a partir da meia-noite. Quem for vestido a rigor, com trajes monstruosos, não paga entrada.

É tempo de celebrar a 10.ª edição MOTELx e, a partir da meia-noite, Fernando Ribeiro será o anfitrião da grande festa. Num DJ set, o vocalista dos Moonspell e jurado do Prémio MOTELx – Melhor Longa de Terror Europeia 2016 promete animar a pista de dança do Titanic sur Mer, no Cais do Sodré.

Todos aqueles que se apresentarem vestidos a rigor, inspirados nos seus monstros favoritos das dez edições MOTELx, terão entrada gratuita. Obrigatório: vir o mais assustador possível. O preço normal é 6 euros, com oferta de uma bebida. Depois é só dançar e celebrar o MOTELx com cineastas, produtores e todos os amantes do melhor cinema de terror.

08/09/2016

O vizinho "tipicamente" estranho

Crítica: The Neighbor
2016

Poster do filme 'The Neighbor'

Apresentado na edição de 2016 do Festival MOTELx, 'The Neighbor' define-se como o típico filme norte-americano de terror, passado na vila de Cutter, Mississippi, onde um casal que sobrevive das suas acções ilegais é confrontado com a sua sobrevivência após conhecer melhor um suspeito vizinho e os seus filhos.

O ritmo do filme desenvolve-se de forma eficaz, agarrando o público para as cenas seguintes e intrigando o mesmo sobre o que se irá passar mais à frente, não fugindo no entanto a alguns clichês quase inevitáveis deste género.

Cena do filme 'The Neighbor'

Existe um twist com pouco gore que dá algum dinamismo ao filme, já depois de metade do mesmo, no entanto o final deixa muito a desejar, acabando por ser fraco tendo em conta que existiriam outras formas bem mais interessantes de terminar a história. O elenco é competente, assim como a cenografia e realização. Um filme médio para os amantes de terror.

Mau | Meh | Bom

07/09/2016

Pouco terror na Caverna

Crítica: A Caverna (curta-metragem)
2015

Cena de A Caverna

A curta-metragem 'A Caverna' do realizador português Edgar Pêra mostra-nos um grupo de espectadores que se encontram presos numa sala de cinema (ou serão duas?). E apenas isto.

Presente na secção de competição de curtas portuguesas no festival MOTELx de 2016, este filme pouco acrescenta a si mesmo, mostrando ao público um grupo variado de pessoas que se encontram em constante euforia e dinamismo, interagindo entre si de variadas formas, e com o espaço que as rodeia, no entanto isso apenas não chega para agarrar o público a algo mais, ou a uma mensagem/estado de espírito que se pretenda passar. Fica-se logo pelo seu esquecimento.

Cena de A Caverna

Para além disso, não mostra um nível de terror ou suspense suficiente, na minha opinião, para integrar a programação de um festival dito de terror. Apenas uma nota para a boa imagem e fotografia que o filme apresenta, assim como uma boa coreografia e utilização da tecnologia 3D, que neste caso cria uma maior ligação a esta 'caverna'.

Mau | Meh | Bom

06/09/2016

Um soco na barriga em 1:1

Crítica: Mamã
2014

Poster do filme Mamã

Quando um filme faz um retrato de um quadro social corre um grande risco ao poder transmitir algo a mais daquilo a que se propõe, mas no caso deste Mamã isso não acontece, felizmente.

Aqui, uma mãe viúva tem de lidar com o seu filho problemático e doente, assim como todos os seus problemas pessoais e sociais, desde o trabalho, à ligação com os seus vizinhos, etc. Gera-se então uma personagem com tantas nuances como aquelas que a rodeiam, havendo no entanto um balanço entre momentos felizes na sua vida e momentos mais tristes. Para além desta forte personagem, que dá o título ao filme, outro grande destaque é com certeza a personagem do filho tão bem interpretada pelo actor Antoine-Olivier Pilon.

O actor Antoine-Olivier Pilon numa cena do filme Mamã

O filho tem uma doença relacionada com hiperactividade, que o leva a ter por vezes alguns descontrolos emocionais levando a que as suas acções sejam muito violentas e inesperadas. Este desequilíbrio emocional faz com que o espectador desconheça o que aí vem da personagem e sinta-se ansioso por isso, pelo que o grande feito do filme é esse mesmo, a imprevisibilidade do guião e das acções das personagens, arrebatando com um final sublime.

Um último destaque vai para o formato do filme, que na sua maioria é um quadrado perfeito (escala de 1:1), simbolizando assim o mundo destas personagens, e centrando-as sempre na acção, algo que no início pode causar alguma estranheza no público, mas que posteriormente se entende o seu motivo e faz todo o sentido que assim o seja.

Actores Antoine-Olivier Pilon e Anne Dorval com o realizador Xavier Dolan

Mau | Meh | Bom

05/09/2016

Festival Olhares do Mediterrâneo regressa a Lisboa

O festival Olhares do Mediterrâneo – Cinema no feminino está de volta, de 29 de Setembro a 2 de Outubro, no Cinema São Jorge. O evento, que promove a exibição de filmes oriundos da bacia mediterrânica e pretende divulgar o papel da mulher na produção cinematográfica, apresenta uma programação composta por 33 filmes, debates, workshops, performances e uma exposição.

Poster da 3ª Edição do Festival Olhares do Mediterrâneo

Durante 4 dias, serão exibidas 9 longas e 24 curtas-metragens, oriundas de 18 países, nomeadamente Albânia, Croácia, Egipto, Espanha, França, Grécia, Israel, Itália, Líbano, Marrocos, Portugal, Turquia, entre outros. O Festival apresenta um panorama diversificado de géneros cinematográficos, nomeadamente documentário, ficção, animação e experimental, existindo 20 estreias nacionais e 2 estreias mundiais. Alguns dos filmes programados contam com a presença de elementos das equipas criativas na sessão.

Neste quadro, o Festival desenvolve, pela primeira vez, o ciclo especial ‘Travessias’. Esta secção, dedicada ao tema dos refugiados e migrações forçadas, é composta por 8 filmes, 4 debates, acolhimento da ONG SOS Méditerranée France, que resgata pessoas neste mar, e uma exposição fotográfica “Olhares que nos habitam?”, construída através do olhar de um grupo de mulheres refugiadas em Portugal.

A par do cinema, existirá uma programação paralela diversificada, composta por: workshop de culinária Nem Acredito que É Saudável, com Sara Oliveira; atelier de cinema Olhares em Pequenino, com Maria Remédio; oficina Falsos Amigos, pelo Instituto Cervantes; cerimónia de chá, promovida pela Embaixada de Marrocos; concerto com Coro Feminino de Lisboa; conferência As pessoas no Mediterrâneo; e mercado de livros, artesanato e sabores.