31/01/2017

Entrevista a Jessica Athayde e Pedro Fernandes


Fomos entrevistar duas das vozes nacionais que dobraram recentemente o filme "Aqui Há Gato", que estreou no dia 26 de Janeiro nos cinemas.

A actriz Jessica Athayde e o humorista/actor Pedro Fernandes responderam a 5 perguntas apenas, sobre o tema da dobragem e do género Animação no cinema, ora leiam:

1 - Qual é, para ti, o principal desafio de dobrar um filme?

JA: Acho que o mais difícil é não ter a interacção com os outros actores. Estamos ali, numa sala, a dar a voz ao nosso personagem, mas não temos as outras “vozes” ali connosco. Essa acho que é a parte mais desafiante.

PF: Dar veracidade às emoções que as personagens vivem no filme e fazer isto tudo a partir de uma pequena cabine de gravação de um estúdio.

2 - Qual pensas ser o principal obstáculo para que, em Portugal, se produzam tão poucos filmes de animação originais?

JA: Hahahahah bem, não sou especialista mas suponho que tenha a ver com dinheiro e com investimento... Criatividade sei que há para dar e vender em Portugal, por isso realmente é uma pergunta que devíamos perguntar mais.

PF: Temos que admitir que os grandes estúdios americanos estão um nadinha mais avançados no que toca à qualidade da animação digital. A competição é muito forte e torna-se difícil fazer com que o público opte pela animação portuguesa na altura de comprar o bilhete no cinema.

3 - Se tiveres de escolher o teu filme de animação favorito, qual será?

JA: Tantos! Quando era miúda adorava a Bela e o Monstro e o Rei Leão, marcaram sem dúvida a minha infância.

PF: A ter que escolher apenas um, talvez escolha o Nightmare Before Christmas. Um dos melhores filmes de animação e um dos melhores do Tim Burton. Mas confesso que me emocionei com o final do Toy Story 3, com o Wall-e e achei maravilhosos o Força Ralph e o Divertidamente.

4 - Gostavas de dar a voz a mais filmes ou peças de animação no futuro?

JA: Claro que sim! É um trabalho super desafiante e eu adoro fazê-lo!

PF: Claro que sim! Acho um trabalho maravilhoso. Sou fã de filmes de animação e adoro poder fazer parte deles.

5 - Por último, quais são os teus planos para os próximos cinco anos, em relação ao teu trabalho em cinema?

JA: Por agora estou na série “Onde Está Elisa?” da TVI, que está a ser altamente desafiante. Claro que quero uma “fase cinema”, que actriz não quer? Mas acredito que tudo chega a seu tempo se tiver que chegar.

PF: Para já sei que vou participar na dobrarem do novo filme dos Smurfs (para mim serão sempre Estrunfes). Espero que o futuro me traga mais oportunidades na dobragem e no cinema.

30/01/2017

Um bom musical, não extraordinário

Crítica: La La Land - Melodia de Amor

2016


Poster de La La Land - Melodia de Amor

Um dos filmes mais aclamados nesta última temporada de prémios cinematográficos, que inclui já 7 Globos de Ouro ganhos e 14 Nomeações aos Óscares, chama-se La La Land e é um musical com muitas referências e estéticas de grandes clássicos do cinema, e do género musical em específico, sendo que temos aqui um bom filme no geral, no entanto não acho que seja a obra-prima que tantos fazem transparecer.

Com uma realização muito eficaz a nível musical, e relativo à forma como estão montadas e sincronizadas as sequências musicais, o realizador Damien Chazelle demonstra assim (mais uma vez) o seu talento natural para peças musicais e na forma como o som e a música entram e saem do filme, integrando-se sempre na estrutura narrativa, não sendo nada estranho ou ineficaz.

Ryan Gosling e Emma Stone numa imagem de La La Land - Melodia de Amor

Os grandes pontos fortes de La La Land são sem dúvida a banda-sonora e a sua montagem/realização, sendo que a nível do elenco destaco a performance de Emma Stone, que consegue prestar um nível sublime como actriz, demonstrando que está no mundo do cinema para ficar, mostrando um grande leque de sentimentos e emoções ao longo deste filme. Já o outro protagonista, Ryan Gosling, não se enquadra tão bem num filme musical, e não me tocou com a sua actuação muito directa e seca, sem grandes ondulações dramáticas.

La La Land é um filme que resulta, uma obra bonita, romântica e "lamechas", como o amor deve ser, mas não é extraordinário.

Mau | Meh | Bom

24/01/2017

A saga "xXx" lidera as bilheteiras nacionais


xXx: O Regresso de Xander Cage’, o filme de acção com Vin Diesel no principal papel, estreou nos cinemas nacionais a 19 de Janeiro e entrou directamente para o primeiro lugar dos filmes mais vistos no fim de semana de estreia, com mais de 52 mil espectadores (52.286).

Samuel L. Jackson (‘Os Oito Odiados’, ‘Django Libertado’, ‘Capitão América: O Soldado do Inverno’) junta-se novamente ao elenco. Do elenco fazem ainda parte: Ruby Rose (‘Orange Is The New Black’), Donnie Yen ('Rogue One: Uma História de Star Wars'), Nina Dobrev (‘Diários do Vampiro’), Deepika Padukone (‘Happy New Year’), Tony Jaa (‘Velocidade Furiosa 7’) e Kris Wu (‘Somewhere Only We Know’, ‘Mr. Six’).

Realizado por D.J. Caruso, com argumento de F. Scott Frazier, Chad St. John e Rich Wilkes, conta com uma participação especial do jogador de futebol brasileiro Neymar.

SINOPSE OFICIAL:

Xander Cage (Vin Diesel), o profissional de desportos radicais convertido em agente do governo, regressa para o terceiro e explosivo capítulo do franchise blockbuster que redefiniu os thrillers de espionagem. De regresso do seu exílio voluntário, Xander Cage encontra-se agora em rota de colisão com o guerreiro Xiang e a sua equipa, numa corrida para recuperar uma arma sinistra e aparentemente imparável, conhecida por Caixa de Pandora. Recrutando novos membros à procura de emoções fortes, Xander encontra-se envolvido numa conspiração mortal que envolve os mais altos cargos do governo a nível mundial. Repleto de elementos reconhecíveis dos filmes anteriores, “xXx: O Regresso de Xander Cage” vai elevar ainda mais a fasquia com uma atitude bad-ass e cenas de acção extremas, onde não faltam algumas das mais incríveis acrobacias vistas em cinema.

Nomeados aos Óscares 2017


Lista completa de todos os Nomeados nas categorias principais aos Óscares deste ano:

Melhor Filme

“Arrival”
“Fences”
“Hacksaw Ridge”
“Hell or High Water”
“Hidden Figures”
“La La Land”
“Manchester by the Sea”
“Lion”
“Moonlight”

Melhor Realizador

Damien Chazelle, “La La Land”
Barry Jenkins, “Moonlight”
Kenneth Lonergan, “Manchester by the Sea”
Denis Villeneuve, “Arrival”
Mel Gibson, “Hacksaw Ridge”

Melhor Actor Principal

Casey Affleck, “Manchester by the Sea”
Denzel Washington, “Fences”
Ryan Gosling, “La La Land”
Andrew Garfield, “Hacksaw Ridge”
Viggo Mortensen, “Captain Fantastic”

Melhor Actriz Principal

Isabelle Huppert, “Elle”
Ruth Negga, “Loving”
Natalie Portman, “Jackie”
Emma Stone, “La La Land”
Meryl Streep, “Florence Foster Jenkins”

Melhor Actor Secundário

Mahershala Ali, “Moonlight”
Jeff Bridges, “Hell or High Water”
Michael Shannon, “Nocturnal Animals”
Dev Patel, “Lion”
Lucas Hedges, “Manchester by the Sea”

Melhor Actriz Secundária

Viola Davis, “Fences”
Michelle Williams, “Manchester by the Sea”
Naomie Harris, “Moonlight”
Nicole Kidman, “Lion”
Octavia Spencer, “Hidden Figures”

Melhor Argumento Adaptado

“Moonlight”
“Arrival”
“Fences”
“Lion”
“Hidden Figures”

Melhor Argumento Original

“Manchester by the Sea”
“La La Land”
“Hell or High Water”
“The Lobster”
“21 Century Women”

Melhor Fotografia

“La La Land”
“Moonlight”
“Arrival”
“Silence”
“Lion”

Melhor Montagem

“La La Land”
“Moonlight”
“Arrival”
“Hacksaw Ridge”
“Hell or High Water”

Melhor Design de Produção

“La La Land”
“Fantastic Beasts and Where to Find Them”
“Hail, Caesar!”
“Arrival”
“Passengers”

Melhor Guarda-Roupa

“Florence Foster Jenkins”
“La La Land”
“Fantastic Beasts and Where to Find Them”
“Allied”
“Jackie”

Melhor Caracterização

“Star Trek Beyond”
“Suicide Squad”
“A Man Called Ove”

Melhor Banda-Sonora

“La La Land”
“Lion”
“Jackie”
“Moonlight”
“Passengers”

Melhor Canção Original

“City of Stars,” La La Land
“How Far I’ll Go,” Moana
“Can’t Stop the Feeling,” Trolls
“Faith”, Sing
“Jim”

Melhores Efeitos Especiais

“The Jungle Book”
“Rogue One: A Star Wars Story”
“Doctor Strange”
“Deepwater Horizon”
“Kubo”

Melhor Montagem Sonora

“Hacksaw Ridge”
“Arrival”
“Deepwater Horizon”
“La La Land”
“Sully”

Melhor Mistura de Som

“Rogue One: A Star Wars Story”
“Hacksaw Ridge”
“La La Land”
“Arrival”
“13 Hours”

Melhor Documentário

“O.J.: Made in America”
“13th”
“Life, Animated”
“Fire at Sea”
“I Am Not Your Negro”

Melhor Filme de Animação

“Zootopia”
“Vaiana”
“Kubo and the Two Strings”
“The Red Turtle”
“My Life As a Zucchini”

Melhor Filme em Língua Estrangeira

“Toni Erdmann” (Alemanha: Maren Ade)
“The Salesman” (Irão: Asghar Farhadi)
“Land of Mine” (Dinamarca: Martin Zandvliet)
“Tanna” (Austrália: Martin Butler, Bentley Dean)
“A Man Called Ove” (Suécia: Hannes Holm)

22/01/2017

Um mar recheado de emoções e vivências

Crítica: Manchester by the Sea

2016


Poster de Manchester by the Sea

Manchester by the Sea é um grande, grande filme. Excelente em todos os sentidos, e não apenas para esta época do cinema e do mundo, mas para sempre. É um filme intemporal, porque mostra um drama que é transversal a todos os seres humanos, no que toca à forma como reagimos a uma perda humana, à morte de um familiar próximo e a forma como reagimos reflecte em si todo o nosso passado, aprendizagens, ganhos e perdas.

Ao longo de todo este filme o espectador consegue rir-se, aborrecer-se, chocar-se e chorar. É um misto de sentimentos e pensamentos, que tocam em todos os pontos do nosso pensamento enquanto seres humanos e da nossa condição humana, sejamos velhos ou novos, homens ou mulheres, e tudo isto graças a uma realização magistral e uma montagem e argumento que nos prendem sem escapatória.

Imagem/Still de Manchester by the Sea

As estrondosas interpretações de todo o elenco, em especial de Casey Affleck, que carrega em si todo a história principal do filme de forma sublime, e Michelle Williams, reforçam ainda mais a carga dramática e especial que este filme possui, onde em duas sequências do filme é impossível o espectador não ficar vidrado na acção e na mensagem tão humana que o argumento e a realização de Kenneth Lonergan trazem ao de cima, assim como através de uma montagem e edição simplistas, mas que funcionam de forma arrebatadora.

Manchester by the Sea é sem dúvida um filme que vai ser visto e revisto ao longo dos anos, sem perder o seu valor. Um filme imperdível, e uma das melhores obras que o cinema trouxe nos últimos anos.

Mau | Meh | Bom

19/01/2017

IndieLisboa apresenta imagem do 14.º Festival

Poster Oficial do Festival IndieLisboa 2017

A quatro meses do festival, é revelada a imagem do IndieLisboa 2017 – 14.º Festival Internacional de Cinema Independente, que este ano é da autoria da designer e ilustradora Sonja Câmara.

Tendo como base uma sobreposição de duas partes, a imagem representa, por um lado, a cidade de Lisboa e, por outro, o cinema independente e de autor.

Segundo a autora, “os quadrados, a disposição dos elementos com cor azul são a perfeita e mais simples personificação da cidade, do rio, dos painéis de azulejos e as suas fachadas. Formas iconográficas tal como as encontramos, por exemplo, no trabalho de Maria Keil. O aspecto vintage advém, não só, de Lisboa e da sua qualidade de cidade de antepassados, mas é também uma declinação de toda uma época onde o cinema independente adquiriu o seu estatuto de subversão e activismo. Vem directamente do futurismo e do construtivismo, fazendo uma viagem em arco e acabando na influência de cartazes e anúncios de publicidade dos anos 1960/70, eficazes e económicos na suas representações”.

O festival realiza-se de 3 a 14 de Maio, como habitualmente, na Culturgest, no Cinema São Jorge, na Cinemateca Portuguesa – Museu do Cinema e no Cinema Ideal.

A programação completa será conhecida dia 4 de Abril e as novidades podem ir sendo conhecidas em www.indielisboa.com.

16/01/2017

Assaltar por uma boa causa, talvez...

Crítica: Hell or High Water - Custe o Que Custar!

2016


Poster de Hell or High Water - Custe o Que Custar!

Quando dois irmãos muito diferentes, sem nada a perder, se juntam para criar um esquema de roubo de agências bancárias nas terras mais abandonadas do Texas, estamos perante uma história que pode dar o que falar, e neste caso dá mesmo.

Com exibição em Portugal na última edição do Lisbon & Estoril Film Festival, o realizador David Mackenzie traz aos grandes ecrãs um drama policial muito americano, que se destaca pela positiva através do seu enquadramento social, que é bastante relevante nos dias de hoje, e que marca uma fase contemporânea sobre o declínio social e económico que o interior dos EUA atravessa.

Não recorrendo a muitos floreados dramáticos (que neste caso poderiam ser feitos, e tinham corrido mal), encontramos assim um filme que poderia, e deveria, ter um maior destaque no panorama cinematográfico actual, pois tem muito mais em si, do que se poderá pensar à primeira vista.

Ben Foster e Chris Pine numa imagem de Hell or High Water - Custe o Que Custar!

A narrativa é bastante fluída, e não se foca apenas nas sequências de maior tensão dramática, o que dá espaço para que os detalhes que são apresentados ao longo do filme, seja a nível visual ou da história em si, tenham a sua marca, a sua importância e a sua relevância, e não se perdem ou atropelam a narrativa principal.

Todo o elenco encontra-se bem nos seus papéis, exprimindo com qualidade as virtudes e defeitos das suas personagens, com uma realização decente também, permitindo assim que este Custe o Que Custar! tenha em si algo a mais do que apenas um filme de domingo à tarde.

Mau | Meh | Bom

15/01/2017

Cinema Português: pouco visto ou muito pouco visto?

Sala de cinema IMAX no Centro Comercial Colombo em Lisboa

Qual o estado do cinema português actualmente? Com curiosidade para responder a esta questão, e quase dois anos após a morte de um dos mais reconhecidos realizadores portugueses, Manoel de Oliveira (falecido a 2 de Abril de 2015), fui analisar alguns dados oficiais sobre este tema, para poder haver uma discussão aberta e podermos compreender melhor como anda a produção nacional cinematográfica.

Todos os dados recolhidos neste artigo foram retirados do ICA - Instituto do Cinema e do Audiovisual, um instituto público criado em 1971 que tem diversas competências, entre elas a atribuição dos apoios financeiros que o Estado disponibiliza para a produção de cinema em Portugal, assim como estabelecimento de protocolos, registo de obras cinematográficas e audiovisuais, entre outras competências.

Com base em diversos dados e informações, analisaremos como correu o ano cinematográfico de 2016 para o cinema português. Abaixo encontra-se uma lista completa de todos os filmes que tenham produção nacional, e que estrearam em Portugal, ao longo do ano passado:

Filmes com produção Portuguesa estreados em 2016:

JANEIRO:

Jogo de Damas - Patrícia Sequeira - Ficção
Quatro - João Botelho - Doc

FEVEREIRO:

Lisbon Revisited - Edgar Pêra - Doc

MARÇO:

Gelo - Luís e Gonçalo Galvão Teles - Ficção
O Amor é Lindo... Porque Sim! - Vicente Alves do Ó - Ficção
Posto-Avançado do Progresso - Hugo Vieira da Silva - Ficção
John From - João Nicolau - Ficção

ABRIL:

Gesto - António Borges Correia - Doc

MAIO:

Axilas - José Fonseca e Costa - Ficção
Rio Corgo - Sérgio da Costa e Maya Kosa - Doc (co-prod)
Mudar de Vida, José Mario Branco, vida e obra - Nelson Guerreiro e Pedro Fidalgo - Doc (co-prod)
Aqui, em Lisboa: Episódios da Vida da Cidade - Gabriel Abrantes e Denis Côté - Ficção
Cinzento e Negro - Luís Filipe Rocha - Ficção (co-prod)

JUNHO:

Grandes Esperanças - Miguel Marques - Doc
Olmo e a Gaivota - Petra Costa e Lea Glob - Doc (co-prod)

JULHO:

A Canção de Lisboa - Pedro Varela - Ficção

AGOSTO:

Refrigerantes e Canções de Amor - Luís Galvão Teles - Ficção

SETEMBRO:

Cartas da Guerra - Ivo M. Ferreira - Ficção

OUTUBRO:

O Cinema, Manoel de Oliveira e Eu - João Botelho - Doc
Rasgar o Passado - Cláudio Jordão, Luís Diogo, João Costa e José Miguel Moreira - Ficção
O Ornitólogo - João Pedro Rodrigues - Ficção

NOVEMBRO:

A Toca do Lobo - Catarina Mourão - Doc
SACA - O filme de Tiago Pires - Júlio Adler - Doc

DEZEMBRO:

Estive em Lisboa e Lembrei de Você - José Barahona - Ficção
A Mãe é que Sabe - Nuno Rocha - Ficção
Os belos dias de Aranjuez - Wim Wenders - Ficção (co-prod)
Até Nunca - Benoît Jacquot - Ficção (co-prod)

Pelos dados acima conseguimos constatar desde já, que a produção nacional a nível de cinema em 2016 encontra-se com números baixos, com um total de 27 obras estreadas em circuito comercial, dando uma média de 2,25 filmes com produção portuguesa estreados por mês em 2016.

Destes 27 filmes, 6 são derivados de co-produções com outros países, ou seja, o financiamento não é apenas português. E a nível de género dos filmes produzidos, 17 são Ficções, e os restantes 10 são Documentários, sendo que não existe nenhum filme de Animação dentro dos filmes estreados.

Podemos desde já aferir que, em Portugal, dá-se pouca importância e relevância ao género Animação, sendo que este tipo de filmes encontra-se sempre muito pouco representado a nível dos apoios estatais. O género de Animação (em português) nunca esteve sequer bem representado a nível de bilheteira nacional, o que não acontece com filmes estrangeiros do mesmo género, que normalmente encontram-se sempre bem colocados nas tabelas dos filmes mais vistos em Portugal, ao longo dos últimos anos.

Por exemplo, na tabela dos 40 Filmes Nacionais com maior número de espectadores em Portugal, entre 2004 e 2016 (dados até ao dia 28 de Dezembro de 2016), existe apenas um filme de Animação, O Sonho de Uma Noite de S. João, estreado em 2005, que ocupa o 21º lugar, com quase 59 mil espectadores. Mas nesta tabela também vemos apenas um filme do género Documentário, Fados, estreado em 2007, com cerca de 34 mil espectadores, ocupando o 32º lugar. Este facto apresenta se calhar uma maior relevância nesta análise, uma vez que a produção nacional a nível de Documentários tem algum peso no geral, como vemos, por exemplo, nos filmes deste género estreados no ano passado, 10 ao todo, contra os 17 de Ficção, no entanto o seu peso a nível de bilheteiras encontra-se ainda bastante aquém dos filmes de Ficção.

A quota de mercado que o cinema português tem… em Portugal, continua a ser praticamente insignificante, no que respeita ao número total de espectadores que vão às salas de cinema. Em 2016, os 27 filmes com produção portuguesa levaram aos cinemas um total de quase 300 mil espectadores, que é um número muito baixo, tendo em conta que, por exemplo, o filme mais visto em Portugal durante o ano de 2016 foi A Vida Secreta dos Nossos Bichos, (filme do género Animação), e onde sozinho teve um total de cerca de 600 mil espectadores, o dobro do número total de espectadores que assistiram a 27 filmes portugueses estreados no ano passado.

É previsível então confirmarmos que a presença de filmes nacionais nos cinemas portugueses continua a não ter grande destaque, e a não conseguir atrair espectadores às salas, sendo que na tabela dos 40 filmes mais vistos em Portugal durante 2016, apenas consta um filme português, A Canção de Lisboa, na 20ª posição, com um total de quase 188 mil espectadores.

A Canção de Lisboa trata-se de um remake do clássico filme homónimo de 1933, do realizador José Cottinelli Telmo, sendo que este factor pode estar relacionado com o sucesso que este filme representou para o cinema português em 2016, (sucesso esse muito baixo, em comparação com os filmes estrangeiros) marcando assim uma vez mais o pouco poder de bilheteira que filmes originais, quer nacionais ou estrangeiros, continuam a ter, sendo que os remakes, sequelas e spin-offs continuam a ser os grandes impulsionadores dos lucros cinematográficos.

Em comparação com o ano de 2015, o cinema português obteve menores receitas e sucessos, tendo apenas conseguido em 2016 entrar com 2 filmes para o Top 40 dos filmes nacionais mais vistos em Portugal, desde 2004, com A Canção de Lisboa (11º) e O Amor é Lindo… Porque Sim! (34º). Já no ano de 2015 foram 3 os filmes que entraram neste Top, respectivamente, O Pátio das Cantigas (1º - tornou-se assim o filme português mais visto desde 2004, com mais de 600 mil espectadores, e que representa outro remake de um clássico, neste caso de 1942), O Leão da Estrela (10º - também outro remake), Amor Impossível (31º).

2014 foi o ano que mais contribuiu para este Top 40, com 6 filmes, e 2011 o pior, onde nenhum filme português entrou nesta tabela, sendo que desde 2004 todos os anos têm entrado pelo menos 2 filmes neste ranking, com excepção do ano de 2011, e 2016 também não foi uma excepção.

Para finalizarmos esta curta análise, vamos a alguns valores totais, que marcaram o cinema em Portugal durante 2016 (com dados até ao dia 28 de Dezembro): foram quase 9 milhões de espectadores no total, sendo que, como vimos à pouco, apenas cerca de 300 mil deste total foram para filmes portugueses, sendo que assim a quota dos filmes nacionais nas bilheteiras foi de pouco mais de 3%.

Estes números demonstram como o cinema em Portugal não se encontra assim tão fraco a nível de bilheteiras, no entanto o cinema português representa uma fatia quase insignificante de todo o bolo, e com uma forte incidência nos remakes de filmes clássicos, por forma a obter uma maior receita de bilheteira, e uma expressão praticamente nula a nível de documentários ou animações no geral, sendo que no entanto as obras estrangeiras de Animação continuam a ser um dos fortes impulsionadores das receitas nos cinemas em Portugal.