Crítica: Gett: O Processo de Viviane Amsalem
2014
Gett significa divórcio. Em Israel os processos de casamento ou divórcio apenas serão legitimados através da aprovação de um conjunto de rabinos. No entanto, ao nível do divórcio, este apenas é possível com o total consenso do marido, que em última instância poderá ter um poder de decisão superior ao dos rabinos.
"Gett: O Processo de Viviane Amsalem" retrata de forma minimalista a nível cinematográfico (toda a acção do filme decorre num único local) um tema de grande relevância social, colocando diversas questões sobre o papel do Homem e da Mulher na sociedade, e a vontade de ambos. Digamos que este filme deverá ser considerado como um dos melhores retratos sociais sobre o estatuto que a Mulher ainda tem na sociedade judaica e israelita dos dias de hoje.
Ronit Elkabetz como Viviane Amsalem |
Apenas com estas palavras será certamente difícil entender do que trata o filme. Passo a explicar. Viviane Amsalem é uma Mulher que apenas pretende divorciar-se do marido. Não porque este a maltrate ou tenha sido alguma vez incorrecto para com ela, apenas porque não o ama e nunca o amou. No entanto o marido, Elisha Amsalem, não aceita o divórcio. Não porque a sua esposa o maltrate ou tenha sido alguma vez incorrecta para com ele, apenas porque a amou e continua a amar.
Como neste impasse a figura do marido detém mais poder de decisão, o processo de divórcio irá arrastar-se por anos e anos, sendo neste filme retratadas todas as audiências que daí decorreram.
É um filme que faz a audiência rir de algumas cenas que nos parecem incompreensíveis e tão idiotas, mas que podem existir, e depois de pensarmos nisso já não nos rimos tão facilmente. O filme foi nomeado aos Globos de Ouro (EUA) na categoria de Melhor Filme Estrangeiro, e na minha opinião deveria ter tido um maior reconhecimento social e mundial, mas talvez o tema em si fosse demasiado 'chato' para alguns grupos sociais.
Destaco ainda a o grande papel de Ronit Elkabetz, que para além de protagonizar exemplarmente o filme, também foi argumentista e realizadora. Este filme é o terceiro numa trilogia, cujos antecessores são To Take a Wife (2004) e 7 Days (2008).
Mau | Meh | Bom
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