No próximo dia 26 de Julho estreia nos cinemas portugueses o filme "Linhas de Sangue", que promete surpreender o público português e mostrar um lado mais arriscado e dinâmico do cinema português.
Realizado pela dupla de realizadores Manuel Pureza e Sérgio Graciano, este filme está a despertar a curiosidade da comunidade cinéfila em Portugal, e por aqui decidimos entrevistar um dos realizadores, Manuel Pureza, com as seguintes questões:
Em poucas palavras, como consegue descrever o que o público pode esperar de "Linhas de Sangue"?
MP - Este filme é uma loucura para ser partilhada. O que o público pode esperar são duas horas de uma história de heróis contra vilões, carregada de momentos non-sense, um bocadinho como se fossem os Monty Python a tentar fazer o Top Gun, mas sem dinheiro para ter aviões. Resta dizer que queremos muito que as pessoas olhem para este filme como uma boa oportunidade para se rirem e se divertirem. Falta-nos muito essa capacidade de nos rirmos de nós próprios, de darmos uma oportunidade ao ridículo.
Como foi possível realizar a árdua tarefa de reunir a agenda de 54 actores conhecidos do público português?
MP - Tanto eu como o Sérgio fazemos cinema e televisão já há algum tempo. Das nossas produções passadas ficam as equipas (técnicas e artísticas). Cada projecto feito em Portugal é uma aposta e um esforço colectivo que nos rouba tempo para nós, para as nossas famílias, para outras coisas. É a nossa profissão mas, acima de tudo, é uma actividade criativa que nos ocupa grande parte do tempo. Os actores e os nossos técnicos tornam-se numa primeira instância colegas, depois amigos e, se olharmos com frieza, são a nossa família durante o período de uma produção. Se desafiarmos vários elementos de várias “famílias” nossas, tendo na mão uma boa ideia que os divirta e sobretudo que os inspire, esse convite é uma vitória logo à partida. Para além de nós querermos muito contar com esses 54 actores, todos eles queriam muito, também, arriscar connosco nisto. Fora os que não entraram e que se “indignaram” nas redes sociais…
Ao verem-se as imagens/trailers podemos ver algumas inspirações em filmes de Quentin Tarantino, Eli Roth ou Robert Rodriguez. É correcto afirmar-se isso?
MP - É correcto afirmar-se que as influências deste filme foram assumidas desde o primeiro minuto, ao ponto do Sérgio dizer com graça e muita razão (lá está a dicotomia humor e razão sempre de braço dado) que o filme nasceu nos anos 80, altura pela qual começámos a seguir religiosamente géneros, histórias e criadores. Importa sublinhar que não temos qualquer pretensão de ser o Tarantino português. Tarantinos há-os em todo o planeta e não almejamos de todo ser mais uns. Somos portugueses, temos o nosso cunho, sendo certo que também nós assumimos a reciclagem de linguagens e referências, porque achamos que faz todo o sentido.
Imagem de "Linhas de Sangue" |
A história deste filme tem como base uma curta-metragem de 2011. Qual foi o maior desafio em adaptar e alargar a história para uma longa-metragem?
MP - O desafio foi continuar a mesma linha de escrever e criar sem limite, sem medo do humor, mais ou menos negro, sem medo de criar uma história, camuflada de história de heróis e vilões, que se transforma rapidamente numa sátira político-social do nosso país. Fazer isso num país que tem algum pudor em aceitar o que é novo (para dar um exemplo, não houve nenhuma marca que, mesmo contando com 54 dos actores mais conhecidos do panorama nacional, quisesse arriscar nisto connosco) foi o maior desafio, porque em boa verdade esse poderia ser um aspecto que nos tolheria a vontade de teimosamente continuar a sonhar este filme. Agora ele está feito, tem criado buzz e achamos que pode vir a ser o marco que sonhámos no cinema português.
Temas que vão desde o terrorismo ao alojamento local estão presentes em "Linhas de Sangue". Pode-se dizer que este é um filme muito contemporâneo?
MP - Tal como já referi, o filme é uma sátira aos nossos dias. Sendo certo, que na maioria das vezes se olharmos de fora, o país, a Europa e o Mundo, não precisam de um grande argumentista para fazerem uma sátira ou uma comédia das suas próprias acções. Portugal precisa de ser caricaturado de maneira séria, de maneira adulta, mesmo (e sobretudo) se essa caricatura vier nos moldes arquetipais e narrativos dos filmes americanos que (ainda) nos fazem levantar do sofá e ir até um sala. Porque não sonhar que os portugueses podem fazer o mesmo para se rirem em português?
Já se pode falar em "Linhas de Sangue 2"?
MP - Não é segredo para ninguém que o nosso objectivo é dominar o mundo. Por isso, já o dissémos várias vezes, sim o Linhas de Sangue é uma trilogia. Queremos ver como corre este primeiro capítulo. Se ficarmos convencidos com a reacção do público, fazemo-nos à estrada para rodar o argumento do "Linhas de Sangue 2: Dinastia". Mas mais pormenores… só daqui a uns tempos!
Poster de "Linhas de Sangue" |
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