25/09/2017

Cinema no feminino de volta a Lisboa


Está a chegar a Lisboa a maior edição de sempre do Festival Olhares do Mediterrâneo – Cinema no Feminino. Durante 4 dias, serão exibidos 52 filmes, oriundos de 17 países, a par de uma programação paralela diversificada composta por debates, workshops, exposições e um concerto.

De 28 de Setembro a 1 de Outubro, no Cinema São Jorge, o Festival Olhares do Mediterrâneo – Cinema no Feminino apresenta 12 longas-metragens e 40 curtas-metragens de géneros tão diversos como ficção, documentário, animação e experimental. Neste contexto, algumas das realizadoras marcam presença no evento para participar em debates informais no âmbito da exibição dos respectivos filmes.

The Nurse, obra de ficção assinada por Dilek Çolak, é o filme oficial de abertura do Festival, no dia 28 de Setembro, pelas 21h30, com entrada livre. De uma forma poética e profunda, The Nurse chama a atenção para os direitos humanos e a violência doméstica numa Turquia moderna e em transformação. A acção decorre em 2001, numa pequena cidade perto de Istambul, focando-se na relação de uma enfermeira com um preso político em greve de fome.

Pela segunda vez consecutiva, o Festival volta a apostar no ciclo especial TRAVESSIAS, dedicado ao tema dos refugiados e migrações. Este ano, a programação inclui 10 filmes, debates e 2 exposições de entrada livre. A mostra Pássaro que Voa, composta por uma selecção de histórias contadas por imigrantes e ilustradas por uma menina de 11 anos, é inaugurada no dia 28, pelas 20h, com uma performance dos alunos de teatro de Claudio Hochman, onde cada um vestirá uma personagem dos relatos. Evideor, exposição fotográfica que retrata um campo de refugiados na Grécia, tem inauguração marcada para dia 29, pelas 18h.

Esta 4ª edição de Festival chega, ainda, com novidades. O Festival  abre as portas a filmes de escola, na secção COMEÇAR A OLHAR, composta por duas sessões de 7 e 8 curtas-metragens, com o objectivo de divulgar o olhar da nova vaga do cinema feminino do Mediterrâneo.

Destaque, ainda, para as actividades paralelas a ocorrer, maioritariamente, no Foyer do cinema São Jorge. Para além das duas exposições da secção Travessias, no dia 30, existirá um workshop de Língua dedicado aos ditados populares espanhóis, um debate e uma banca do projecto Salva a Lã Portuguesa. No último dia de festival, realiza-se o atelier de cinema para famílias Olhares em Pequenino, uma cerimónia de chá marroquina e um mercado de  livros, artesanato e sabores. Ao final do dia, tem lugar o concerto das B’rbicacho. A maioria das actividades tem entrada livre.

No encerramento do Festival, que termina com o filme Willy 1er, de entrada livre, serão atribuídos os prémios para os melhores filmes em competição. A melhor longa-metragem será escolhida por Nuno Sena, Director do IndieLisboa e programador, Sofia Marques, actriz e realizadora, e Manuel Mozos, realizador. Já a melhor curta-metragem terá como júri Sandra Almeida, Directora do Shortcutz Lisboa, Márcia Costa, montadora e produtora, e Tiago Hespanha, produtor e realizador. Elizabeth Challinor, antropóloga, Francisco Freire, antropólogo e investigador do Magrebe, e Sofia Lorena, jornalista, atribuirão o prémio na secção Travessias. Por fim, os filmes de escola da secção Começar a Olhar vão ser avaliados por Margarida Cardoso, realizadora, Margarida Carvalho, professora e curadora de arte contemporânea, e Mário Caeiro, professor e investigador. O público irá também votar para o melhor filme.

Na sua 4ª edição, o Festival Olhares do Mediterrâneo - Cinema no Feminino tem o apoio da Câmara Municipal de Lisboa (através dos pelouros da Cultura e dos Direitos Sociais), da EGEAC, do El Corte Inglés, do Alto Comissariado para as Migrações, da Comissão para a Cidadania e a Igualdade de Género da Fundação INATEL e das Embaixadas de Espanha, Israel e Tunísia.

12/09/2017

Afinal o Diabo é um palhaço

Crítica: It

2017


Poster do filme "It"

Com uma adaptação de um romance do conceituado Stephen King, esta 'coisa' (It) era certamente um dos filmes de terror mais esperados deste ano de 2017. Valeu muito a pena a espera? Sim, mas não assim tanto.

É certamente um filme bem construído e trabalhado, onde se vê a dedicação e o cuidado da realização aos detalhes, e os momentos mais impressionantes ao longo do filme conseguem ser aterradores, contudo a narrativa por vezes perde-se em histórias paralelas que são pouco interessantes, e que são depois 'esquecidas' ao longo do filme, não funcionando aqui. Talvez esta seja uma estratégia narrativa, pois no final do filme aparece a indicação de "It: Capítulo Um", mas se assim o for existem mesmo certos momentos narrativos que não funcionam só com este filme.

Imagem do filme "It"

O maior destaque positivo deste "It" é sem dúvida toda a caracterização e o trabalho do actor Bill Skarsgard, ao dar vida a um dos mais aterrorizantes palhaços que eu já vi no grande ecrã, e julgo que o filme precisava de ter dado mais tempo de cena a esta personagem.

Ao contrário de outros filmes de terror, aqui temos uma maior presença de momentos cómicos, que poderiam ter sido menores, pois retira algum do suspense e medo que o público possa sentir, em alguns momentos-chave da trama.

No geral "It" é um filme competente, sendo que dentro do seu género é um filme superior à maioria dos que estreiam recentemente.

Mau | Meh | Bom

11/09/2017

Vencedores do MOTELX 2017


A 11.ª edição do MOTELX – Festival Internacional de Cinema de Terror de Lisboa chegou ao fim este Domingo depois de nos últimos seis dias ter acolhido milhares de pessoas no Cinema São Jorge, no Teatro Tivoli BBVA, no Museu Coleção Berardo e na Cinemateca Júnior.

Thursday Night” de Gonçalo Almeida é o grande vencedor do Prémio MOTELX – Melhor Curta de Terror Portuguesa/Méliès d’Argent 2017. O júri composto pela actriz Maria João Bastos, o músico Carlão e o realizador Can Evrenol decidiu atribuir o prémio a esta curta-metragem “pela história, pela direcção, pela fotografia e pelos actores”, acrescentando que se trata de “um filme que nos marcou muito, que consideramos único e que certamente ficará na nossa memória”. Uma história de fantasmas só com animais, “Thursday Night” foi inspirado pelo álbum “Thursday Afternoon” de Brian Eno. O júri decidiu ainda atribuir uma Menção Especial a “Depois do Silêncio” de Guilherme Daniel, cujo trabalho de “argumento e fotografia” considerou “muito promissor”.

O Prémio MOTELX - Melhor Curta de Terror Portuguesa/Méliès d’Argent é o maior prémio para curtas-metragens em Portugal: são 5000€ a que se juntam mais 5000€ em serviços pós-produção Kino Sound Studio e um fim-de-semana de inspiração nos hotéis Belver. Desde a sua criação em 2009 já foram exibidos no Festival mais de 100 filmes de terror portugueses em antestreia mundial, cumprindo um dos principais objectivos do MOTELX: o incentivo à produção nacional de cinema de terror. “Thursday Night” fica ainda automaticamente seleccionada para o Prémio Méliès d’Or, que será atribuído pela Federação Europeia de Festivais de Cinema Fantástico em Novembro, na cidade de Trieste.

Na competição internacional, “Cold Hell” de Stefan Ruzowitzky venceu o Prémio MOTELX – Melhor Longa de Terror Europeia /Méliès d’Argent 2017. Uma decisão que o júri composto pelo crítico Kim Newman e os actores Rogério Samora e Iris Cayatte considerou “clara” devido à sua “relevância contemporânea, acção emocionante e imaginativa e excelentes performances de todo o elenco”. “Cold Hell” é um thriller político passado numa Alemanha multicultural que conta a história de uma jovem taxista de origem turca perseguida por um assassino em série. “Filme excepcional que combina elementos do serial killer thriller com o terror”, esta é a mais recente longa-metragem de Ruzowitzky, que em 2008 venceu o Óscar para Melhor Filme Estrangeiro com “The Counterfeiters”. O realizador e a actriz Violetta Schurawlow estiveram presentes na Sessão de Encerramento do MOTELX para receber o Prémio.

A competição de longas-metragens europeias foi inaugurada em 2016 e teve este ano oito filmes a concurso. “Cold Hell” sucede ao checo “The Noonday Witch” de Jiří Sádek e fica nomeado para o Prémio Méliès d’Or, à semelhança da curta “Thursday Night”.

10/09/2017

Estão abertas as inscrições para a 9ª edição do FESTin


Estão abertas as inscrições para a 9ª edição do Festival de Cinema Itinerante em Língua Portuguesa (FESTin), certame realizado anualmente na cidade de Lisboa. As candidaturas de produções cinematográficas nos formatos de longas-metragens, documentários, curtas-metragens e filmes infantis serão aceites até ao dia 10 de Novembro deste ano.

O pré-requisito para a candidatura é que os filmes sejam falados em língua portuguesa. A programação é composta de produções oriundas de países que falam português, nomeadamente Portugal, Brasil, Angola, Moçambique, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Guiné-Equatorial, São Tomé e Príncipe e Timor-Leste. O Festival tem quatro categorias competitivas e uma programação diversificada de mostras paralelas, que inclui a Maratona de Documentários, a Mostra de Cinema Brasileiro, a Mostra Festinha (dedicado à infância), a Mostra de Inclusão Social, o FESTin Arte e o FESTin+ (dedicado à 3ª idade).

Ao longo de sua história o FESTin já exibiu mais de 670 filmes, entre ficção e documentário nos formatos curtas, médias e longas-metragens. Há também actividades paralelas voltadas ao diálogo, a difusão e a formação no âmbito do audiovisual.

O Festival de Cinema Itinerante da Língua Portuguesa tem-se constituído como referência no sector, por ser o único evento em Portugal dedicado exclusivamente à cultura cinematográfica lusófona. O idioma está apenas relacionado com os aspectos da comunicação dos países, com as imagens sócio-culturais e o pensamento dos povos.

O Festival FESTin é um evento internacional dedicado do segmento do audiovisual, que procura fomentar a difusão, a interculturalidade, a inclusão social e o intercâmbio cultural, através da realização de um Festival de Cinema comprometido com a divulgação de diferentes culturas e práticas de respeito à diversidade presente na matriz da língua portuguesa.

A 9ª edição trará novidades, mas, para já, apenas podemos adiantar que o Festival passará a ser realizado mais cedo: em 2018, o FESTin será de 27 de Fevereiro a 6 de Março.

O FESTin  é organizado pela Asculp- Associação Cultural e Cidadania da Língua Portuguesa, com o apoio financeiro  da CML – Câmara Municipal de Lisboa e a Missão Brasileira junto a CPLP, em co-produção com  o Cinema São Jorge e em parceria estratégica com a EGEAC – Empresa de Gestão de Equipamentos e Animação Cultural, EEM.

Para mais informações: festin-festival.com

07/07/2017

Marés Mortas

Crítica: Baywatch - Marés Vivas

2017


Poster de "Baywatch - Marés Vivas"

"Baywatch" não deveria ter sido remexido desta forma. A adaptação ao cinema de "Marés Vivas" não deveria ser realizada assim. Nem assim, nem possivelmente de outra forma. Estamos perante um filme que é um sério candidato ao estatuto de pior filme de 2017.

Sinceramente não entendo o que se passou aqui, se algum fenómeno super-natural se sucedeu durante a escrita do guião, ou no decorrer das filmagens, ou mesmo na montagem final, porque não se consegue aproveitar nada de minimamente bem concretizado neste "Baywatch - Marés Vivas". Esperava-se qualquer coisa com pelo menos algum cuidado no seu planeamento, tendo em conta o sucesso que a série teve.

Imagem de "Baywatch - Marés Vivas"

Desaconselho mesmo a ida ao cinema para este filme, pois é uma pena o dinheiro aqui gasto. Nem os actores com nome mais sonante, que interpretam as principais personagens, conseguem trazer algo de benéfico durante todo o filme, sendo que a sua história encontra-se mal estruturada, super previsível, enfim, uma confusão geral.

Até os cameos foram mal aproveitados, e não conseguiram trazer qualquer tipo de nostalgia que o filme poderia ter aproveitado.

Mau | Meh | Bom

04/07/2017

"Gru - O Maldisposto 3" estreia em Nº 1 no Top Nacional

Imagem de "Gru - O Maldisposto 3"

Mais de 106 mil espectadores assistiram à estreia de ‘Gru - O Maldisposto 3’ este fim de semana nas salas de cinema nacionais, gerando uma receita superior a meio milhão de euros, entrando directamente para o primeiro lugar do top de bilheteira. Além de Portugal, ‘Gru – O Maldisposto 3’ estreou em mais 45 países, atingindo o valor astronómico de 116,9 milhões de dólares de receita de Box Office, o que para um 3º filme de um franchise é assinalável.

Manuel Marques, Rita Blanco, Inês Castel-Branco e Rui Unas são algumas das vozes portuguesas que dão vida às personagens do filme de animação ‘Gru - O Maldisposto 3’ que estreou na última quinta-feira. O regresso de Gru e dos adorados Mínimos é marcado pela descoberta da existência de Dru, o irmão gémeo do ex-vilão e muitas outras aventuras, nomeadamente de Balthazar Bratt e o seu estilo divertidamente retro.

‘Gru – O Maldisposto 3’ foi realizado por Pierre Coffin e Kyle Balda, co-realizado por Eric Guillon e com argumento de Cinco Paul & Ken Daurio. A animação produzida por Chris Meledandri e Janet Healy, dos estúdios da Illumination, conta com Chris Renaud como produtor executivo.

03/07/2017

Quando alguém é ninguém

Crítica: The Unnamed

2016


Poster de "The Unnamed"

Os desafios associados a emigrações e imigrações em todo o mundo são diversos, no entanto as realidades mudam de país para país, consoante as suas leis, os seus processos burocráticos, a sua cultura, etc.

Estes e outros desafios estão presentes em "The Unnamed", um filme do Bangladesh que retrata uma realidade presente neste país e noutros seus vizinhos, onde muitas pessoas emigram em busca de uma vida melhor, no entanto este processo é tratado de forma muito 'mafiosa', existindo muitos esquemas de falsificação de identidades, entre outros crimes, fazendo com que a sua 'normalidade' se transforme num problema ainda mais grave.

Esta realidade é posta no argumento de forma curiosa, onde a busca da identidade de uma pessoa que morreu fora do país traz diversos problemas, quando o corpo é transportado para o seu local de origem, e a angústia dos familiares e conhecidos envolvidos nesta trama aumenta com o confronto com aquilo que é desconhecido.

Imagem do filme "The Unnamed"

Este filme 'sem nome' tenta ser um filme completo, tendo toques de comédia e drama, twists e diversos tipos de sequências narrativas, mas falha em parte na sua concepção a nível técnico, assim como a nível do elenco, que não é tão forte como o que seria pretendido, contudo é eficaz.

"The Unnamed" é um filme culturalmente diferente e que evoca uma realidade contrastante daquela a que possamos estar mais habituados. Não sendo um grande filme, é um filme eficaz na mensagem que quer transmitir, e que apesar de se focar numa situação específica é bastante universal.

Mau | Meh | Bom